Hoje
foi a abertura da Semana Mundial de Aleitamento Materno 2013.Aqui em
Ubatuba houve um encontro lindo onde havia uma exposição de fotos de
mães amamentando, cartazes informativos e de promoção e apoio à
amamentação, panfletos e adesivos.Prefeito, Secretários, Vereadores,
Agentes Comunitários de Saúde, Mães.Todos aplaudem e incentivam o
aleitamento. Cada um tem seu motivo para enaltecer a amamentação: o
vínculo mãe e bebê, a transmissão de anticorpos, a prevenção aos
problemas de oclusão, a promoção de uma cultura de paz.Tudo lindo!
Não há quem rogue CONTRA esse lindo ato. Amamentar é senso comum...
Então qual o problema? E por que, mesmo com tanto incentivo, quase não vemos mães amamentando por aí?
Hoje, no evento de apoio a mães que amamentam, após a fala de uma psicóloga, uma mãe pediu a palavra.
Ela
estava sentada no último banco. Todos se voltaram pra trás para
ouvi-la. Ela disse que o tal vínculo dela com seu filho a estava, de
certo modo, atrapalhando. Ela estava tendo dificuldades, já que seu
filho não aceitava dormir no carrinho, só queria colo, não estava legal.
Quando questionada revelou a idade do seu bebê: um mês.
Houve
no salão um certo riso, um certo tom de "ah, tem só um mês, né?". Eu
mesma, devo ter pensado isso, mas quem sabe tenha feito uma cara assim
de solidariedade...minha filha tem hoje 5 semanas.
Mas
vamos pensar, alguém ouviu essa mulher com empatia? Do que ela esta
falando? Por que revelou tal angústia e ainda, da onde vem tal angústia,
se ali na plateia pareceu normal um bebê de um mês querer contato
contínuo?
Vamos falar a verdade! As mesmas pessoas que
racionalmente quiseram acalmar essa mãe, pois reconhecem que com um mês o
bebê é dependente dela são, talvez, as que maldizem uma mãe que fique
grudada no filho.
É muito MUITO difícil encontrar quem apoie tal conduta por aí.
É mil vezes mais comum ouvir que um bebê de poucos dias tem que estar no seu próprio quarto.
Que
o bebê que não aceita ficar longe de sua mãe está mal acostumado e dará
problemas futuros, será um pequeno tirano, roubará o lugar do marido,
escravizará sua mãe para sempre, está de manha, deve aprender acalmar-se
sozinho, está fazendo a mãe de chupeta e etecéteras.
Eu
fui conversar com a moça, mostrei por trás do pano, minha filha presa ao
carregador de bebê enquanto sugava o seio em livre demanda. Disse a ela
que sei como ela se sente, pedi para ouvir mais e então ela foi clara:
ESTÁ TODO MUNDO DA MINHA FAMILIA RECLAMANDO QUE ELE NAO FICA LONGE DE
MIM. MEU MARIDO NAO ACEITA QUE ELE DURMA NO NOSSO QUARTO, MINHA MAE DIZ
QUE MEU LEITE NAO ESTÁ SUFICIENTE, POIS ELE NAO DORME. A PEDIATRA DISSE
PARA EU IR ACOSTUMANDO ELE AOS POUCOS NO BERçO.
pausa.
Isso
não é apoio ao aleitamento. Esse é o primeiro passo para a ruína do
aleitamento exclusivo dessa mãe. Escreve o que estou te falando. Mas se
perguntarmos pra mãe da moça, pro marido da moça e pra pediatra da moça,
creio que serão unânimes em dizer que apoiam a amamentação. pffff
Vocês
dizem que apoiam a mãe que amamenta, mas vocês acham que só tem que dar
de mamar a cada 3 horas. Vocês não apoiam a mãe que amamenta então!
Vocês
dizem que acham lindo quem amamenta, mas acham errado o bebê ficar no
colo da mãe o tempo todo. Acham errado e nem sabem por que! Vocês não
apoiam coisa nenhuma!
Vocês dizem que leite materno é tudo
de bom pra um bebê, mas desconfiam que o leite é fraco quando um bebê
está chorando. Vocês estão contribuindo para o fim dessa relação e nem
percebem o quanto dessa fala tem influencia da poderosa indústria do
leite que bombardeou a mídia por gerações!
Vocês dizem que
é lindo ver um bebê mamar, mas isso deve ser feito dentro de casa e
jamais publicamente. Jamais sem um paninho para esconder a mama, jamais
na frente de outros homens, jamais! Isso está tão arraigado que vocês
não percebem o quanto isso aprisiona a mulher! E ninguém gosta de se
sentir aprisionado. Melhor então a liberdade da mamadeira ao ar livre!
Essa ninguem condena.
Provavelmente as mães de hoje não
foram amamentadas EXCLUSIVAMENTE no peito por 6 meses. São essas mães
que tentam amamentar hoje. QUEM APOIA A MÃE NUTRIZ? QUEM ACREDITA NA
CAPACIDADE DESSA MÃE NUTRIZ?A mulher deve ser informada sobre as
dificuldades fisicas e emocionais dessa empreitada de amamentação. Ela
deve ser apoiada, incentivada e ouvida. Não deve ser obrigada ou coagida
a amamentar, mas deve ter seus medos e angustias acolhidos. Se você
quer apoiar uma mãe que quer amamentar, você pode!
Você
pode levar um folheto informativo a ela. Fornecer links para leitura
sobre o tema. Tem muita coisa no site do Ministerio da Saúde.Se você for
visitá-la nos primeiros dias, brevemente e elogiar seus cuidados com o
bebê. Não importa se ela faz diferente de você, elogie essa mulher.
Você
pode oferecer-se para estender roupas no varal, recolhê-las. Você pode
convidar os filhos mais velhos para um passeio na pracinha. Você pode
levar um filme em DVD bem divertido para essa mãe que se recupera do
parto. A ideia é permitir e incentivar que essa mulher não deixe os
cuidados do bebê para fazer outras coisas.
Você pode levar
uma torta, uma sopa, um saco de pães fresquinhos com chá. A pessoa que
amamenta deve ser cuidada, deve ser incentivada a ficar no universo mãe e
bebê, não deve ser cobrada a voltar logo para a rotina da casa.
Incentive
o contato de mãe e bebê.Não saia a quatro ventos contando tudo que deu
errado na sua amamentação, pelo contrário, diga o que funcionou. Se não
sabe o que dizer, apenas ESCUTE o que essa mulher tem pra contar. Ela
pode estar precisando de um ouvido. Ela pode estar querendo chorar.
Deixe que ela chore, ofereça seus ombros. O choro ajuda o leite a sair.
Se
você não sabe como ajudar, procure quem saiba. Existem muitos grupos de
apoio a mães que amamentam, virtual e presencialmente, no Brasil todo,
no mundo todo.
Amamentar é lindo, amamentar é natural,
amamentar é um ato de amor. Mas pode ser um desafio tremendo para
algumas mulheres. Foi um desafio tremendo a mim, três anos atrás. Eu
jamais teria conseguido sem o apio do meu marido e sem o apoio de
profissionais engajados com o aleitamento e JAMAIS teria conseguido sem o
apoio do grupo MATRICE.
Apoio à amamentação é apoio ao contato, é apoio ao sono, é apoio ao choro.
Incentivo ao aleitamento é incentivo ao colo, à boa alimentação, ao repouso, à vida livre, ao peito exposto, ao seio dolorido.
Essa fase é intensa, mas passa muito rápido.
Faça um esforço, diga SIM à amamentação.
O trabalho Amamentar é Senso Comum. Do Avesso. (por Anna Gallafrio) de Anna Gallafrio foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
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Me sinto como essa mãe da palestra...
ResponderExcluirTodos dizem que incentivam o aleitamento mas poucos os que apoiam de verdade! Os da família não apoiam nem de longe. Nem da minha e nem do meu marido. Enquanto eu não tinha dado mamadeira, todos empurravam chupeta no meu filho mesmo eu pedindo para não fazer porque ele chorava muito, mas era fome tadinho, ele queria era meu peito e não chupetaaa. Ah vááááá.
A cobrança pela amamentação exclusiva no peito acabou se tornando um peso (Desde o nascimento, pois fiquei 5 dias internada após um parto normal vendo meu filho perder peso para "força-lo" a pegar peito, eu só teria alta se ele mamasse, e fui ficando longe do meu marido, da minha casa e da minha vida nos dias mais importantes dessa nova fase). Meu leite demorou a descer, algo em torno de 3 dias, sei que as vezes demora mais, mas não tinha nem colostro, meu bebe sugava o peito vazio. Fui ao banco de leite do hospital que estava internada e a pessoa que me orientou não conseguiu fazer com que ele pegasse o peito, e a desculpa dela era a tendinite, que sentia dor nos punhos, que tava fraca para segurar a cabeçinha dele... Enquanto isso ele tomava LA no copinho! Porque o banco de leite não interviu desde o primeiro momento após o nascimento? Porque não fizeram translactação com LM desde a primeira mamada? Após 5 dias de luta no hospital tive alta mesmo sem ele pegar peito, contratei uma enfermeira em casa (ela fez o bebe mamar em 3 minutos), mas depois disso ele não pegou mais o peito daquele jeito, para meu desespero, fui ao posto de saúde, chamei a enfermeira novamente, tentei de tudo, translactação, dedinho minguinho, ofereço sempre o peito para ele mas como ele não suga sempre sai pouco leite, mesmo que sejam gotinhas sempre dou meu leite para ele. Deixo ele perto de mim, lambendo e brincando com meu peito, dou colo sempre, mesmo com as pessoas falando que não devo dar colo sempre, quando estamos sintonizados eu e ele, com ele dormindo no meu colo após um berreiro vem alguém palpitar, larga ele ai na cama *FRIA* e vem comer (porque não trás a comida para mim?), quero carregar no sling mas ouço me dizerem que o bebe vai ter problema de coluna porque ele fica torto, que ele só tem 24 dias. Levo meu bebe na rua o povo olha torto, porque recém nascido não pode ir para a rua antes de 1 mês. E quando dou a mamadeira noooossssaaaaaa, aí que o povo morre, como assim um bebe desse tamanho mamando mamadeira? Dá vontade de falar: " Você consegue milagre? Então faz na minha porque o aleitamento exclusive e em livre demanda é o meu sonho... "
Essa sociedade que vivemos é um CAOS, uma pena.
O importante é que sei que sou diferente, enquanto umas mulheres fazem do parto e do nascimento um momento ruim, vejo como o momento mais maravilhoso da minha vida, e já penso em ter outro filho para com ele conseguir dar peito exclusivo, ter um parto humanizado e outras coisas que não consegui nesse. Mas nem nesse momento (de querer outro filho) eu sou aceita rsrs Riem de mim, me chamam de louca "mal pariu e ja quer outro filho?" filho é muito caro, tão engraçado ouvir isso de mães que só tem 1 filho. Já penso no próximo mas não pretendo que ele venha agora agora, mas quem é que tá interessado com o meu sucesso na maternidade?