Mais um parto especial, apesar de eu somente ter conhecido a Patrícia quando ela começou a me acompanhar. Sou muito grata a ela por tudo o que ela me ofereceu e fez durante a gestação e parto do Pirulito.
14 de outubro de 2009
Iniciei meu pré-natal, que foi bem diferente do primeiro, pois eu estava tão segura do que eu queria. No inicio tive um pouco de sangramento, fiz um pouco de repouso e tudo ficou bem. Fiz os exames de rotina, ultrasonografia e tudo mostrava que tanto eu como o bebe estávamos ótimas, pulei algumas consultas rsrs, pois estava bem, falava com a Kátia, a Tereza (Enfermeira Obstetra), que trabalha comigo no hospital e elas me confortavam e passavam segurança para mim. No oitavo mês de gravidez fiz meu ultimo ultra som e como tudo mostrava que estava bem não voltei mais as consultas médicas, agora eu contava com a Kátia, Tereza e Flavia que iriam me acompanhar.
A data prevista para o nascimento da Gabriela era 10 de outubro, então no dia 1 eu sai de licença maternidade, pois eu precisava de um tempo pra curtir a minha barrigona e o meu bebe mexendo dentro do meu útero e ficar de pernas para cima. Que duas semanas mais demoradas da minha vida! Além do incômodo do final da gravidez, o inchaço, parecia que eu ia derreter de tanto calor. Não conseguia dormir a noite, estava muito ansiosa para que este momento chegasse. Algumas vezes começava a ter algumas contrações e ficava torcendo para que elas não parassem mais.
Quando elas vinham eu deitava e procurava relaxar e descansar, para que quando elas ficassem mais fortes eu não estar tão cansada. Infelizmente por vários dias foi assim, depois de algum tempo elas paravam até que durante uma semana eu não tive mais nada. Como era difícil segurar a ansiedade, mas procurava me conter, passeava no shopping, visitava amigos pra passar o tempo e eu não ficar pensando tanto, até que esqueci um pouco, mas cada noite ao deitar eu já ficava pensando: "será que é hoje?" E assim passavam-se os dias. Hoje eu entendo melhor a ansiedade das gestantes neste final da gestação.
No dia 14 de outubro eu completei 40 semanas e 4 dias e por volta das 2:00 horas da manhã eu acordei com uma baita dor de barriga, corri pro banheiro, logo voltei para a cama para tentar dormir novamente e comecei a sentir uma contração com uma dor forte no pé da barriga como se fosse uma cólica, percebi que era diferente esta dor, abri os olhos fiquei sentindo aquela contração umas três vezes e voltei a fechar os olhos e falava pra mim mesma que não era nada, que ia passar. Passar....que nada! Aquelas contrações continuavam e a dor aumentava mais. Eu não consegui mais dormir, levantei e fiquei andando no corredor da casa e no quarto, auscultei o coração do bebe com meu sonar e tudo estava bem.
O Valdinho (meu marido), me viu andando pra lá e pra cá e me perguntou o que eu estava sentindo, eu disse que estava com umas contrações forte e dor, ele disse se eu queria alguma massagem, eu até aceitei mas não conseguia ficar parada, precisava andar para aliviar a dor, as 3:00 horas a dor já estava mais forte, vinham de duas a três contrações em 10 minutos e muito forte, mas ainda suportáveis, fiquei em dúvida se ligava ou não para as meninas, até que por volta de 4:00 horas da manhã senti uma contração muito forte, fui ao banheiro fazer xixi e a bolsa rompeu, saiu um pouquinho de liquido. Então eu pedi para o meu marido ligar para a Kátia, falei com ela pra dizer como eu estava e pedi que ela ligasse para a Flavia. A Kátia pediu que eu fosse para o chuveiro e ficasse lá até que ela chegasse, e assim fiz.
Por volta das 5:00 horas elas chegaram o meu marido foi buscar a Tereza, enquanto isso a Kátia me examinou e disse que eu estava com 4 cm, fiquei muito feliz em saber que já havia dilatado tanto. Depois que elas chegaram as contrações ficaram mais fortes e a dor também, só sei que cada contração que eu sentia dor eu só conseguia imaginar e visualizar o meu bebe descendo, como a Flávia havia me falado em um dia que esteve em casa fazendo um momento de visualização comigo. Então sempre lembrei disto, quando comecei o trabalho de parto, senti e visualizei também o colo do meu útero dilatando, uma grande força dentro de mim fazia com que a Gabriela fosse descendo e eu ia sentindo o meu corpo se abrindo para ela sair.
Neste momento eu não queria ficar no chuveiro, nem sentada, só queria ficar em pé com os joelhos um pouco dobrados e segurando em uma barra que havia na parede do banheiro, e gemia o tempo todo. Eu sabia que logo ela iria nascer, quando era 6:15 pedi pra Kátia me examinar de novo. Ela me examinou ali mesmo e disse: - já esta total, só tem um pequeno rebordo. Quando ela disse aquilo eu tive uma forte contração e pensei comigo: já era este rebordo! Enquanto eu estava ali a Flavia enchia sua banheira mágica rsrs com ajuda do meu marido com mangueira, panelas de água quente, quando já havia água quase pela metade ele me perguntou se eu queria entrar na banheira.
Confesso que eu não queria sair daquela posição que eu estava no banheiro, mas sabia que seria bom, que a água ia aliviar um pouco a dor, e com ajuda do meu marido eu entrei na banheira e fiquei lá de joelhos apoiada na beirada e gemendo, quando entrei na banheira eu sentia tudo se abrindo por baixo e levei a minha mão para sentir a cabecinha da minha filha, que sensação maravilhosa! Sentir e saber que a cabecinha dela estava ali e que em alguns minutos ela iria nascer. As 6:45 da manhã eu pude senti-la saindo de dentro do meu útero, e as mãos abençoada da minha amiga Kátia que a amparou, logo ouvi o seu choro e a Kátia dizendo: que bebe lindo!
Eu naquela posição não via a hora de vê-la também, o cordão não era muito grande, então passei minha perna por cima e a Tereza a pegou e a colocou no meu colo e a cobriu com algumas toalhas para que não esfriasse. Que momento mágico, abençoado eu não estava acreditando que ela estava ali nos meus braços, o meu marido a viu nascendo e ficou emocionado também, pedi para trazer a Isabelli e ela ficou encantada com a irmã. Fiquei ali olhando para o rostinho dela, para ver como ela era. Ela tentava abrir os olhinhos tentando ver o que estava acontecendo e quem estava ao seu redor, que momento lindo meu Deus, nunca vou esquecer.
Depois a Tereza clampeou o cordão e o meu marido cortou com a tesoura, como eu estava cansada de ficar ali sentada eu pedi pra ir pra cama esperar a placenta sair naturalmente. Fiquei tendo algumas contrações mais fracas até a saída da placenta que levou duas horas para sair naturalmente, enquanto isso fui tentando colocar a Gabriela no peito para amamentar, mas ela não quis saber dormiu o dia todo e só foi dispertar a noite. A Gabriela nasceu com 3720 kg, 51cm, cabelos ruivos, castanho escuro, com muita saúde e linnnda. Obrigada meninas por fazerem parte deste momento nunca vou esquecer a força que vocês me deram e a segurança que me passaram ao estarem junto de mim e da minha família. Este momento abençoado vai estar presente por toda nossa vida, pois fazemos parte uma da vida das outras. Este laço de gratidão e amizade estarão sempre ligados pelos nossos filhos, pois eles também pertencem em parte as mãos que os tocaram. Agradeço a Deus por este momento que nos permitiram que tivéssemos, e que fizeram parte dele.
Obrigada a todas, que Deus nos abençoe e o dom que nos deu.
(Relato originalmente publicado aqui).
Patrícia Borges
35 anos, enfermeira obstetra, consultora em aleitamento materno, mãe de duas meninas lindas.
Patrícia Borges35 anos, enfermeira obstetra, consultora em aleitamento materno, mãe de duas meninas lindas.

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