Páginas

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Relato de VBAC: 1 Cesárea e 3 Partos

Quando engravidei pela 1ª vez eu tinha apenas 15 anos, e não sabia praticamente nada sobre gravidez, parto ou amamentação. 

Minha gestação foi ótima, apesar de todas as barras que se enfrenta quando se engravida na adolescência, eu nem sentia que tava grávida, não fosse a barriga que crescia, e os movimentos do meu filhote, não tinha enjôo, nada, só uma leve azia que foi piorando a cada mês(e isso é mais que normal!), o bebê estava se desenvolvendo super bem eu engordava bastante(foram 20 kg. na gravidez toda). Fiz o pré-natal direitinho. Comecei em São Paulo, e quando estava entrando no 5º mês me mudei para o interior [Marília] com a família do pai do meu filho, onde continuei o pré-natal. Eu passava bastante tempo sozinha, não tinha família minha ou amigos lá... E eu ficava o tempo todo conversando com meu filhinho, dizia pra ele que ele teria ter paciência comigo, pq eu não saberia como cuidar dele, que ele teria que me ensinar como fazer. Dizia também que quando ele chegasse eu ia ficar feliz demais, pq eu não ficaria mais sozinha. Que ele seria meu grande companheiro.

O bebê estava previsto para o dia 21/10/1995. Eu queria que fosse parto normal é claro, apesar de não saber nada sobre, a GO (SUS) dizia que eu tinha tudo pra ter um ótimo PN.

Na última consulta que tive com ela, no dia 31/10 ela me examinou muuuuito bem, eu já estava de quase 41 semanas, ela ficou um tempão ouvindo os batimentos do BB, disse que estava normal, fez toque 1,5 cm. de dilatação, disse que a cor do liquido estava ótima cor de água de coco, e q o palpite dela, era que ele nasceria com 3.800.

Ainda me reforçou que eu tinha uma bacia boa pra parir. Eu fiquei toda feliz com isso. Me explicou os sinais de TP, pra eu saber mais ou menos quando deveria ir a maternidade. A maternidade de lá era 'controlada' por freiras... Todas muito linha dura. Isso me dava certo medo.
Terminou o mês de outubro e nada do bebê nascer, eu me sentia relativamente bem, apenas me sentia super pesada e cansada de todo mundo falar "nossa ainda não nasceu?". Mas, apesar disso, eu me sentia tranquila. 

Pois bem, passaram os primeiros dias de novembro e nenhum sinal de TP. 

No dia 3[sexta-feira] acordei com a corda toda só que sem fome (o que era muito estranho) fui limpar a casa e depois fui lavar roupa (na mão, pois eu não tinha máquina) eu queria a casa limpa, e as coisas no lugar. Quando estava terminando as roupas senti a calcinha molhada não liguei muito, fui trocar a calcinha e voltei pro tanque, daí comecei a sentir uma dorzinha estranha e uma pressão forte na vagina, me lembrava muito àquela dor que sentimos quando estamos menstruadas, uma dor por dentro mesmo, uma pressão, resolvi deixar a roupa pra lá.
Já devia ser quase meio dia. Como eu estava sozinha em casa resolvi ir pra minha sogra almoçar. Fui andando (umas 3 quadras) bem devagar, parava vez ou outra, demorei o dobro do tempo. Sentia umas dorzinhas as vezes, umas pontadinhas no pé da coluna, junto com a pressão que senti antes. Quando cheguei não quis almoçar disse que queria deitar um pouco pra descansar. Era quase 13:30, e comecei a chorar acho que mais de ansiedade que outra coisa, minha cunhada ouviu e perguntou se eu tava com dor eu respondi que tava com um pouco.

TRABALHO DE PARTO E NASCIMENTO:

Elas já chamaram um taxi e me levaram pra maternidade. 

Quando cheguei lá a médica que fazia meu pré-natal estava de plantão e me atendeu, ouviu o coração do BB mediu as contrações, fez o toque e disse que eu estava com 1,5 cm. de dilatação e com contrações fracas a cada 10 min. e disse que ele ainda ia demorar muito pra nascer pelo menos umas 8 horas, eram umas 2 e pouco da tarde. 
Fui internada e fiquei no pré parto sozinha tava super vazio, toda vez que vinha a médica fazer o toque tava a mesma coisa, a bolsa já estava vazando, mas o trabalho de parto não progredia e as contrações não aumentavam, o plantão da minha GO terminou, mas, antes de ir embora ela veio com o Plantonista da noite pra falar comigo, e pediu a ele pra ligar pra ela assim que o meu BB tivesse pra nascer que ela viria, pois ela morava bem perto.
Quando era umas 19:30 chegou uma moça com dor, era seu 2º filho. Ela entrou no quarto e andava dum lado pro outro reclamando de dor, a enfermeira a fez se deitar pq o médico viria estourar a bolsa dela, ele estourou e saiu falando que já já ela ia pra sala de parto. E ela gritando que não agüentava pq ia nascer, mal ele passou pela porta e a enfermeira foi falando pra ele voltar que ja estava coroando, foi o tempo de ele colocar a luva em uma das mãos e a mulher fazendo força e já nasceu uma garotinha.

Eu ali com apenas 15 anos, sozinha, tudo era muito novo pra mim, mas não senti medo, fiquei um pouco assustada, mas não sei como me mantive calma. 

Nessas alturas eu ja tava morrendo de fome eu tava sem comer desde a véspera, me arrependi de não ter pelo menos tomado o café da manhã.

Quando era umas 10h o médico veio falar comigo e disse que seria preciso fazer uma cesárea, pois o trabalho de parto só havia progredido meio cm. Eu lembro bem dessa noite era sexta feira o dia do ultimo cap. daquela novela "A PRÓXIMA VÍTIMA" , o medico só veio falar comigo depois que terminou de assistir a novela(sem vergonha ele hehehehe)
Bom, eu concordei com a cesárea né o que eu podia fazer? Que resolveria eu não concordar? O que eu sabia? 

Perguntei se não tinha mesmo como ser PN, ele disse que não, e que já havia falado com meus sogros e com o pai do bb e havia explicado tudo, eu perguntei da minha médica e ele disse que já estavam tentando localizá-la, daí me levaram pro c.cirurgico fui caminhando, brincando com as enfermeiras e sorrindo.

Por causa da minha ignorância eu não tive medo de nada, eu não sabia dos riscos de uma cesárea. Ficamos ainda uns 20 minutos esperando pela médica, mas não conseguiram achar e chamaram outro medico.

O anestesista muito gentil, me deu a rack e não achei a aplicação assim tão doída como falam, a enfermeira colocou o soro e deitei, amarraram meus braços, naquela posição de ' Cristo redentor na cruz' fiquei meio grogue, senti um pouco de falta de ar, uma dor muito forte no ombro esquerdo, como se tivesse algo muito pesado em cima dele, eu ouvia eles dizendo que já iam cortar, que isso, que aquilo...o anestesista ficou do meu lado todo o tempo, dali um pouco ele[o anestesista mesmo] começou a empurrar a minha barriga com muita força eu balançava tanto naquela maca. Daqui a pouco eu só ouvi o médico dizer "pronto nasceu" .

Eu tava na maior ansiedade pq eu não sabia ainda se era menino ou menina e dai ouvi o médico dizendo "puxa veja só que 'sacudo' é um meninão" e nisso ele já começou a chorar e ele tinha uma força, chorava alto mesmo. 
Eu não conseguia falar direito estava com falta de ar e minha voz não saía, mal consegui dizer o nome do bb quando me perguntaram eu disse com voz uma fraquinha, forçando pra falar alto "ele se chama Raul". Quando a enfermeira me mostrou ele eu não acreditei no tamanhão dele e como era lindo.
Ele nasceu com 3.980kg.e 51 cm. Ela me mostrou ele por menos de 1 minuto eu tava amarrada e nem pude tocar ele, tudo que consegui foi dar um beijinho em sua mãozinha.

Depois o médico veio me explicar, que por isso o trabalho de parto não foi pra frente, eu era muito nova meu corpo ainda não tava "maduro" e ele era muito grande (será, será, será???). 

Depois que me levaram pro quarto e a rack começou a passar eu senti a pior dor da minha vida(acho que ja era umas 2 e pouco da madruga) não conseguia me mexer nem falar nada, daí as lágrimas começaram a descer no meu rosto. As outras pacientes viram e chamaram a enfermeira ela veio e aplicou uma injeção no meu soro. A dor melhorou um pouco mas eu não consegui dormir nada por causa da dor e pq eu ficava pensando no meu bbzão que tava no berçário. Longe de mim.

Um mês depois minha sogra me contou da conversa que o médico teve naquela noite com eles.
Ele falou que não tinha condições de esperar mais um PN, pq a bolsa ja tinha estourado há mais de 6 horas[ não, não tinha, ela só estava vazando de pouquinho em pouquinho, mas mesmo que tivesse ainda dava pra esperar mais]e que o único jeito era fazer uma cesárea. 

Que ele precisava que um parente meu[Pai, Mãe, tutor-Legal] se responsabilizasse, e eu não tinha ninguém, eu não era casada, logo, o pai do BB não poderia assinar nada, eu não tinha parente nenhum lá.

Daí ele falou que ele podia dar um 'jeitinho' ele chamaria um GO amigo dele e um anestesista, que tudo ficaria em 1.200 reais[ isso 15 anos atrás era uma boa grana]mas que não podia nem falar pras freiras pq senão ficaria muito mais caro, pq daí cobrava quarto e não sei mais oq, e como naquele horário elas todas estavam dormindo, seria fácil de fazer desse jeito.

Eles pagaram, pois não viram outra saída, tiveram que pegar cheque emprestado pra isso pois não tinham o dinheiro.

Ainda assim, mesmo achando estranho demais a forma que o médico fez as coisas, eu acreditava que ele tinha salvado a minha vida e do meu filho, que sem a cesárea meu filho jamais teria nascido. Eu só fui mudar de opinião uns 4 anos atrás, lendo e me informando melhor. Hoje me pergunto pq tentaram conduzir o parto com ocitocina, pq apenas me deixaram lá de molho esperando.

Meu filho cresceu bem. Era lindo e esperto. Hoje é quase um homem, e é um grande orgulho pra mim.

MINHA SEGUNDA GESTAÇÃO:

Eu engravidei a 2ª vez com 20 anos, eu já tinha voltado a morar em São Paulo/capital e já tinha me separado do pai do Raul.  

Estava namorando com meu atual marido há uns dois anos. Eu tomava anticoncepcional e quando descobri que estava grávida foi uma surpresa e um grande susto, eu queria muito formar uma família com o Alexandre, mas não esperava que fosse naquele momento, mas, já que os planos se adiantaram, logo nos casamos.

A gravidez correu muito bem também e a médica (SUS) me dizia que eu tinha tudo para ter parto normal. Mas eu não botava fé em mim não, pq da outra vez eu tinha escutado a mesma coisa, mas não foi assim, eu sentia que não era capaz de parir. Porém, ainda desejava demais que fosse PN. Eu queria PARIR.
A data prevista era dia 07/02/2001, mas como da primeira vez passou do dia, e eu nada sabia tmbm, ficava meio desesperada com a demora, e já estava vendo a história se repetir, eu tremia só de pensar que poderia ser outra cesárea, depois que passou da DPP eu ia de 2 em 2 dias ao hospital para fazer o cardiotoco(um exame que mede o batimento cardíaco do bb e as contrações)toda vez eu ia na esperança de não voltar pra casa, nisso ficou uns 8 dias. 
No dia 13 fui em mais uma consulta de pré-natal ela descolou a membrana e disse que no máximo em 24 hrs eu começaria entrar em TP. Mas nem aconteceu nada, continuei do msm jeito. 
Ainda na quinta-feira dia 15 voltei no hospital pra checagem toda, e como sempre estava tudo igual, contrações irregulares a cada 18/20 minutos, batimentos fetais normais, e 3 cm. de dilatação. Cor do líquido clarinha[ eles faziam um exame logo depois de fazer o toque, com um cristal, que reflete a cor do líquido, e eu não sei o nome do exame não]

Voltei pra casa e naquele dia não chorei de medo nem reclamei, eu disse pra mim que tudo que tivesse que ser seria e me desencanei. Tinham me dito no hospital que eu poderia esperar até dia 24 mais ou menos, se nada acontecesse daí eles marcariam a cesárea.  Não lembro bem, mas acho que disseram de marcar cesárea pro dia 26, se precisasse. Peguei e fui fazer uma bela duma faxina na casa, limpei armários, lavei banheiro e cozinha, lavei roupa[ dessa vez no tanquinho gente, não na mão, hahahah]. Comi bem. Assisti filme, e fui dormir pouco depois da meia noite. 

TRABALHO DE PARTO E NASCIMENTO.

Umas 4 da manhã [na sexta, dia 16]acordei com uma dorzinha um pouco mais forte achei que era uma dor de barriga fui no banheiro mas só fiz xixi voltei pra cama, eu fiquei nessa de sentir dor de 10 em 10, 8 em 8min. e levantar a cada 20 min. até umas 6 hrs.  Daí eu comecei a resmungar de dor e meu marido ouviu e acordou, ele perguntou: - O que foi amor que que cê tem? - Eu não sei direito, to com um pouco de dor. - Mas é a bb q vai nascer? - Acho q sim né!!! - e ri. Ele todo nervoso e querendo se fazer de calmo ligou pra mãe dele e disse. - Ô mãe chama um taxi que a Erika ta com dor. Eu fui tomar um banho, as dores estavam de 8 em 8 min. Eu me troquei acordei o Raul dei um leite pra ele(ele já estava com 5 anos)e mandei ele pra casa de uma tia do meu marido. Fomos os 3, eu minha sogra e meu marido pro hospital.

Chegando lá a médica disse que eu já tava em trabalho de parto que eu tava com 6cm. de dilatação mas que ainda ia demorar muito pra nascer q só la pelas 3 da tarde...

Me internaram as 8 da manhã o hospital tava lotado e quase que não arranjam vaga pra mim. Fiquei lá conversando com as outras mães, rindo, brincando e tal, nisso a enfermeira veio colocar o soro, umas 9:30 vieram aplicar a ocitocina. 

Eu perguntei o que era aquilo e ela respondeu com a maior cara de pau que era um remédio pra me ajudar a agüentar a dor(que grande mentira não é mesmo), daí as dores começaram a aumentar e eu já parei de conversar, as contrações ficaram muito mais próximas uma da outra e a dor aumentou muito assim de repente. 

Daí vinha médico, vinha estudante toda hora pra examinar cada um falava uma coisa. 
A dor aumentou assim demaisssssss, mas eu ainda conseguia me controlar só com gemidos. Quase rasgando o lençol com as mãos.
Quando era 10:30 veio um médico com uma mão enorme fazer o toque ele e dois estudantes ele dizia 
- Vê só já da pra estourar a bolsa ela ta baixa. 
E dai vinha um estudante e fazia o toque e dai fazia ele; aí ele chamou outra estudante e disse faz o toque nela pra você ver (o bom e que ela tinha a mão pequena)a bolsa ta bem baixa não ta.
E ela dizia q sim. 
Aí ele mandou ela estourar a minha bolsa pq se não ia demorar demais.
Nessa hora eu já estava com 7cm.
Eles diziam que o BB tava alto ainda, mas que assim ela ia descer logo.
Ela estourou a bolsa acho que umas 10:40.
Daí que o bicho pegou, as dores aumentaram muito e de repente; Eu chorava, eu gritava me contorcia e todos diziam que não adiantava gritar, que eu tinha que cooperar...que não sei oq...aff...Eu tinha uma vontade imensa de mandar todo mundo pr'quele lugar, mas não conseguia mais raciocinar direito. Formular frases então, não dava. E na hora da dor, eu não tinha controle sobre meu corpo, minha vontade só era berrar mesmo.

As enfermeiras brigavam comigo, me mandavam calar a boca, que eu tava incomodando as outras mães, mas eu realmente não conseguia me controlar. De repente comecei sentir que ela tava quase nascendo, eu sentia muita vontade de fazer força, e eu gritava, que ela estava nascendo, mas ninguém nem me olhava. Aí teve uma hora que uma enfermeira veio mexer no soro da moça do lado, eu agarrei no braço dela e disse. -Minha senhora a minha filha ta nascendo ela está quase saindo, vocês querem que eu tenha ela aqui mesmo? Pra minha sorte ela era a única enfermeira boazinha, e nem me xingou ou brigou comigo. Ela nem respondeu só levantou o meu lençol e olhou, nossa lembro bem que ela arregalou os olhos e disse calma mãezinha. Daí ela logo trouxe a maca e me levou pra sala de parto e eu continuava gritando, a vontade de fazer força era imensa e eu não sabia oq fazer. Cheguei lá passei pra outra maca e a médica já foi me preparando.  De repente senti uma lamina me cortando(é gente assim a sangue frio mesmo) ai alguém ficou me dizendo pra não gritar, meu eu ja tava até cega de dor, powww uma pessoa me passa uma lâmina sem anestesia nem nada e eu tenho que ficar sorrindo ou quieta???¬¬ Eu não sabia oq fazer, E dizia[ berrava e grunhia..rsrs] . -O QUE EU FAÇO???OQ EU FAÇO???? A médica era um amor, mas era estudante, e parecia mais assustada que eu... as enfermeiras me disseram pra fazer força e logo na primeira, eu olhei pra baixo e vi a cabecinha cheia de cabelo dela, fiz força de novo e ela nasceu, senti direitinho o corpinho dela escorregando de dentro de mim.  Minha filhotinha Gabrielli com 3.430kg. e 48cm.  Foi maravilhoso, emocionante, lindo mesmo. O mais incrível é que que como num passe de mágica a dor sumiu.  Tava eu tão boba tentando olhar a Gabi que estava lá sendo examinada, que nem senti quase dor nenhuma pra sair a placenta. Logo em seguida a médica aplicou anestesia e me suturou.

Quando a enfermeira me mostrou ela eu não acreditei como ela era cabeluda e tão linda parecia uma boneca.  Mas não me deixaram pegar ela no colo não. Aí levaram ela pro berçário, e a médica terminando de me examinar. 

Ela nasceu 12:22[e a outra médica disse que só depois 3 né!!hehehe]. 
Voltei ao pré parto pois ainda não tinha vaga nos quartos. 
Quando era 13:30 eu já tava sentada almoçando. 

Sem dor nenhuma apenas de vez em quando uma cólica bem fraquinha.  Quando subi pro quarto ja fui tomar banho sozinha. Me sentia ótima muito diferente da cesárea que só fui levantar mais de 8 horas depois com muita difculdade, e mal conseguia andar por vários dias. Eu toda hora pedia ao meu marido pra ir ver ela no berçário, pra ele pedir as enfermeiras pra trazerem logo ela pra mim.  As 18:30 trouxeram a minha filhinha e daí ela ja ficou comigo no quarto, era norma deles na época o BB ficar no minimo 6 horas no berçário. Mas depois que trouxeram eu não desgrudei mais não. Eu cuidei dela sozinha foi maravilhoso. Uma experiência incrivel.  Ela mamava direitinho. 
MINHA TERCEIRA GESTAÇÃO

Eu já vinha querendo engravidar tinha alguns anos em 2004 eu parei de tomar remédio e nós ficamos usando preservativo. As condições financeiras era o que nos seguravam.  No dia 05 de abril de 2005 (tinha acabado o preservativo e eu fiquei enrolando pra ir comprar, e o marido tmbm) numa brincadeira[rs] acabei engravidando. O legal é que já no primeiro momento eu sabia que tava grávida. No dia seguinte eu disse pro meu marido que iria nascer perto do aniversário dele que é dia 05/01. Fiz o exame um mês depois confirmando a gravidez e logo comecei o pré natal eu me sentia muito bem. Passei a gravidez muito bem. A data prevista do parto era dia 29/12/2005 então eu calculava que já que os dois primeiros passaram de 1 a 2 semans da data, esta nasceria de 5 a 10 de janeiro mas... No dia 22/12[quinta-feira]eu tava bem só um pouco cansada, eu fiz a maior faxina na casa, lavei roupa, cozinha, banheiro, tirei pó da casa, passei pano, e ainda lavei meu aquário que era bem grande e isso tudo sozinha pois meu marido tava trabalhando, o Raul tava na praia e comigo só tava mesmo a Gabi que ja tava com quase 5 anos. Fiz isso tudo durante o dia, a noite quando meu marido chegou, fomos até a locadora e depois comprar umas pizzas. ficamos nós 3 em casa vendo filme e comendo. Eu comi muuuuito, eu andava evitando massas por causa da azia mas aquela noite resolvi matar a vontade. Fomos pra cama uma 0:00 eu não conseguia dormir, estava com sono, mas inquieta, fui conseguir pegar no sono umas 3:00.

TRABALHO DE PARTO E NASCIMENTO 

Quando meu marido acordou pra ir trabalhar(6:00 da sexta-feira dia 23/12)eu fui ao banheiro fazer xixi como de costume. 

Voltei pra cama e senti que minha calcinha tava molhada. Achei estranho troquei de calcinha e deitei de novo, de novo a calcinha molhada. Troquei de novo e quando sentei na cama senti uma aguinha, só um pouquinho, molhando a cama. Aí eu fui no banheiro quando abaixei a calcinha vi um pouco de agua escorrendo pela perna, e já pensei ''a bolsa está vazando''. Nisso ja era 6:15 meu marido ja tava quase saindo, eu liguei o chuveiro e ele apareceu na porta do banheiro e perguntou...

- Que isso Erika tomando banho a esta hora?

Eu não respondi e só olhei pra ele, foi nessa hora que senti a 1ª contração forte, e ele me disse...

- Que cara é essa?... 

- Liga na sua firma e avisa que não vai trabalhar, pq sua filha vai nascer. 

E sorri.

Ele foi logo tirar o carro, e eu fui fazer um leitinho pra Gabi e me trocar, coloquei as bolsas na porta peguei os documentos, as contrações estavam fortes e a cada 5 min. acordei a Gabi e ela disse pra mim 

- Que foi mãe vai nasce a minha irmã? 

Sorri pra ela.

- Sim filha vai nascer.

Ela virou pro lado e dormiu de novo. 

Daí eu ri mais, chamei de novo e disse pra ela levantar pra ir pro hospital com a gente.

Meu marido todo atrapalhado, trocou ela, eu toda calma e ele nervoso...rs

Cheguei no hospital Mandaqui(o mesmo que tive a Gabi)um pouco antes da 7:00 e ja subi logo. Quando fui falar com o médico ele perguntou 

- E ai mãezinha que foi?????

- Tá na hora dela nascer. A bolsa ja ta vazando um pouco, e eu ja to com as dores próximas.

Ele sorriu e foi anotando as coisas no prontuário. Pediu pra eu tirar a calcinha e deitar pra ele examinar.

Quando fui abaixar pra tirar a calcinha caiu um monte de agua no chão, ele sorriu e disse. 

- É agora a bolsa terminou de estourar.
Parecia água pura.Eu já estava com 6 de dilatação. 

Fui falar com meu marido e com a Gabi e dar um ultimo beijinho nos dois, falei pra se despedirem da barrigona que qdo me vissem de novo eu ia estar com uma BBzinha no colo. 
Eles me beijaram e lá fui eu.

Fui internada acho que umas 7:20.

Durante a gravidez eu já tinha internet em casa e pesquisei sobre muitas coisas sobre parto, e sabia bem o que me esperava. A minha maior certeza é que seria Parto Normal, eu não temia que pudesse ser cesárea, estava acreditando em mim, e no meu corpo, eu sabia que ia parir.

A enfermeira veio por o soro e uns 10 min. depois ja veio com a ocitocina, eu ri e disse:

- Hoje vcs não me enganam sei que essa injeção é pra aumentar as contrações.

Elas riram e disseram.

- Essa mãezinha é esperta né!!! 

As dores foram aumentando. Me ofereceram café da manhã, mas eu não quis, não estava com fome.

Pedi pra trazerem água, pq eu tava com muita sede. Acho que esqueceram, e não me deram.

Quando era 8:30 o médico veio examinar, eu pedi a água pra ele e ele me trouxe, ele então me examinou, disse que eu tava com 7cm. mas que ela ainda estava alta. Eu pedi pra ir ao banheiro ele me disse que tudo bem mas pra eu não faze força de jeito nenhum lá, fui, fiz meu xixizinho e voltei rapidinho, quando deitei senti que ela estava vindo. 
E comecei a gemer um pouquinho mais alto.

Uma médica que estava examinando a paciente ao lado resolveu me examinar e disse que ia demorar ainda,eu tava com tanta dor que ja tava a ponto de começar a gritar ela disse que queria descolar o colo eu pedi a ela que esperasse passar a dor ela foi me xingando e dizendo pra eu abrir as pernas e eu só ia fechando mais.

E ela dizendo que eu tinha que cooperar, que ia demorar muito ainda pra nascer, que ela não tava vindo coisa nenhuma. 
Que ela tinha que descolar as membranas pra acelerar. 
Toda grossa e estúpida. E eu doida pra chutar ela dali.

Nisso o médico que tinha me examindo das outras vezes entrou e perguntou:
  
-Que ta havendo? 
e ela respondeu ja saindo de perto de mim.

- Ai ela diz que ta nascendo mas não ta não...

Ele nem deixou ela terminar de falar e disse bem calmo.

- Ela foi no banheiro agora pouco e o bb ja deve te descido, deixa eu ver.

Ela foi saindo e dizendo

- Ah leva logo ela daqui pois ela vai dar trabalho.

Ele esperou passar uma contração e fez o toque, todo calmo, e chamou a enfermeira pra me levar. Eu não aguentava a pressão, e fiz uma força na maca ainda, e outra força no caminho até a sala de parto.

Cheguei lá e ja troquei de maca... 

Eu já me recostei imaginando que aquele bisturi iria de novo me cortar a sangue frio , o que não aconteceu graças a Deus eu não precisei de epsiotomia, e eles ja não fazem mais epi. de rotina lá. 

O médico me preparou, e daí a enfermeira ja falou vai mãezinha sem barulho segura no ferro e faz força, e naquela hora eu desejei estar na minha casa pra ter minha bb sozinha pois senti que sabia tudo que eu devia fazer sem ninguém buzinando na minha orelha.

Eu fiz bastante força, bastante mesmooooo,e logo senti a cabeça saindo e daí continuei com a força e senti os ombrinhos passando e o resto do corpo, e ela nasceu assim de uma vez. 

Quando a olhei não acreditei em como era linda e ela nasceu limpinha sem nem uma manchinha de sangue. Linda mesmo.
 
Nasceu a Sabrina ás 8:54 de uma linda manhã de sol, pesando 3.550 e 51cm. E ela parecia pesar ainda mais de tão grandona que ela era.

Ela ja ficou comigo desde a sala de parto eu só levei dois pontinhos, um dentro e um fora, pois a laceração foi bem pequena.

Ela já mamou assim q a médica terminou a sutura, acho q uns20 poucos minutos depois do parto.
Eu já sai da lá e vi meu marido e minha filha no corredor e depois subi pro quarto. Nem preciso dizer que foi tudo perfeito né.  
MINHA QUARTA GESTAÇÃO
Depois de ter a Sabrina eu já estava decidida a não ter mais filhos, mas estávamos evitando da forma mais falha que se pode existir. 

Engravidei em setembro de 2010 depois de mais de 1 ano usando o método de coito interrompido.

Fiquei tão assustada que não conseguia entender como tinha acontecido. Mas já estava ali dentro de mim mais um filho, que com certeza seria muito amado e bem recebido. Meu susto não durou nem 2 horas e já estava eu ali novamente sonhando em como seria aquele novo Bebezinho. Sonhando como seria seu rostinho. E doida pra conhece-lo, curiosa pra saber se seria menino ou menina.

Com 18 semanas de gestação, durante a ultrasonografia, descobrimos que seria mais uma molequinha. Era minha Alice.

Minha gravidez evoluiu bem, e não tive nenhum problema, apenas o cansaço, a azia, dor nas costas e essas coisas todas que são mais que normais. 

Eu já tinha todo o trabalho de parto e parto programados, ao menos na minha cabeça, e meus planos eram.

Assim que começassem as contrações ritmadas, ou a bolsa rompesse, ligaria pra Priscila[ minha doula, que conheci na GPM, uma comunidade do orkut que participo há muitos anos ]vir pra cá, ligaria pro marido[caso ele não estivesse em casa], e esperaria o máximo de tempo que eu aguentasse em casa, pra passar o mínimo de tempo no pré parto e assim sofrer o mínimo de intervenções possíveis. Na hora de ir pro hospital, iria com meu marido que iria assistir o parto, e a Pri esperaria na sala de espera. Raul ficaria com Gabi e Sabrina, fosse em casa ou na sala de espera do hospital.

Eu sabia que teria um trabalho de parto rápido[ 4º filho, 3º parto normal], e justamente por isso optei pelo hospital mais próximo da minha casa, O Mandaqui, o mesmo que minhas outras filhas nasceram, eu tinha vontade demais de ir pra uma casa de parto, mas como fica a mais de 20 km. de casa, decidi pelo Mandaqui mesmo que fica a menos de 10 minutos.

Tive a última consulta no posto no dia 8/06, com o outro gineco que tem lá, pois o meu estava de férias e só voltaria no fim do mês, durante a consulta, ele me examinou, e ficou assustado, dizendo que minha filha iria nascer ali mesmo, que ela estava baixa demais, e eu já estava com 4 cm. de dilatação,que a cabeça dela estava tão baixa que estava batendo na vagina, que eu deveria ir direto pra maternidade dali. Perguntou se eu já estava com dor, e respondi que só sentia contrações de BH a cada 20 minutos mais ou menos, mas dor mesmo não sentia não.

Ele disse que assim que a bolsa estourasse ela nasceria muito rápido, que naquele dia mesmo a dilatação iria evoluir e ela nasceria. Perguntou se eu tava de carro, se morava longe, falei que morava perto, e iria a pé, mas do caminho ligaria pro marido pra decidir oq fazer. Ele falou pra eu ficar atenta, pq perigava de ela nascer em casa, eu ainda brinquei que isso seria uma grande sorte.
 
_Magina q sorte, parto quiabão domiciliar assim??

Ele fez cara feia...hahhah...mas não retrucou.

Do caminho liguei pra Priscila e disse tudo que ele havia dito, mas, que eu não iria pro hospital não, pq vai que eles resolviam já me internar, e estourar minha bolsa e me enfiar no soro...não não e NÃOOOOOOOO, eu não ia meeeeeeesmo...continuei com meus planos, e confirmei a visita da Pri lá em casa naquela tarde. Liguei pro marido tmbm, atualizando ele de tudo. Antes de ir pra casa, passei num brechózinho aqui perto e comprei mais umas coisinhas pra Alice. Naquela tarde a Pri veio em casa, e conversamos sobre muitas coisas, e gostei bastante dela, o tipo de pessoa perfeita pra se ter ao lado durante um trabalho de parto, calma, sensível, meiga. Pois que ficamos acertadas que na hora do 'vamo vê' eu ligaria pra ela.

Continuei com minha vida normal, fazendo as minhas faxinas quase que diárias, andando pelas ruas [cheias de ladeiras enormes] do meu bairro até o mercado, ou alguma lojinha, e terminando todas as coisinhas pra esperar minha nova BBzinha.

No dia 11/06 saímos pra almoçar fora, comi uma bela de uma feijoada, e de lá resolvi ir na maternidade pra fazer um cardiotoco. Fui mais por curiosidade mesmo, pra saber como tudo estava, se a dilatação tava a mesma. Mas já cheguei avisando que era só uma visitinha, que eu não ficaria lá de jeito nenhum...hahhaha
 
Continuava com 4 cm. de dilatação, colo grosso[ não entendi isso, pq o jeito q o médico falou durante a semana, achei eu que o colo tava mais que amolecido, mas enfim....]a médica fez tmbm uma amnioscopia, falou que o líquido estava bem clarinho, e q a Bebê era bem cabeluda e que era bem pretinho o cabelo... durante o cardiotoco tive uma só contração, os batimentos cardíacos dela estavam normais. E a médica disse que eu estava certa, era mesmo pra eu ir pra casa. Que eu aguardasse os sinais, e ficasse de olho nos movimentos da Alice.

Fiquei ainda mais sossegada do que eu já estava, e esperaria até o fim do mês, sem desespero nenhum, nem antes e nem depois, a hora que ela quisesse nascer seria a hora certa, fosse dali 5 minutos ou dali 20 dias.

E assim passamos mais uma semana. Na 5ªfeira dia 16/06[DPP] completamos 40 semanas.

Na sexta dia 17, eu me sentia bem disposta, passei parte do dia adulando uma amiga tmbm grávida[de 8 meses] que estava aqui em casa, e estava demais enjoada, com dor de estômago. O resto do dia eu enchi o varal de roupa, lavei o quintal, e dei um jeitinho na casa.

No fim da tarde ainda liguei pra encher o saco do marido, pedindo pra ele vir cedo pra casa, já que era sexta-feira, dia do pagodinho dele. Pois bem ele disse que assim que terminasse de tocar ele viria. 

Passei o dia com mais contrações que o normal, elas vinham quando eu estava em pé, ou caminhando a cada 6 minutos e quando eu deitava a cada 10 ou 15 minutos, mas ainda não eram doloridas, apenas incômodas. Era só aquela pressão que começava na parte de cima do útero e se espalhava por ele todo, durando sempre cerca de 1 minuto.

A noite eu estava com tanta preguiça que nem fiz comida, pedi ao Raul pra ir buscar pão presunto e queijo, e fiz uns sandubinhas. Comi e deitei com Gabi e Sabrina na sala, elas ficaram asssistindo desenho, Raul foi dormir na casa de um amigo, e eu fiquei no note, fuçando o orkut, conversando na GPM e no msn, lembro que no msn me mandaram ir logo pro hospital ,rsrs, e eu falei que não ia ainda, que as dores tavam mais fortes um pouco, mas que ainda tavam muito irregulares e eu não ia ainda não. Fiquei cronometrando as contrações.

Elas estavam a cada 6 ou 7 minutos, estivesse eu em pé, sentada ou deitada, como eu estava morrendo de sono resolvi ir deitar no meu quarto, arrastei Gabi pra cama dela e Sabrina que tava acordada ainda foi comigo pro quarto. Mandei um torpedo pra Priscila, contando como as coisas estavam e avisando que eu ia dormir. Eram 23:20 mais ou menos, eu ia esperar mais 10 minutos e ia ligar pro maridão vir pra casa pra esperar comigo, caso fosse preciso, ele já estaria a postos. Mas... em menos de 3 minutos ali deitada eu caí no sono.

TRABALHO DE PARTO E PARTO

1:30 Acordei com uma cólica muito forte. Continuei deitada meio sonolenta ainda, vi que a tv ainda tava ligada num desenho qualquer e Sabrina dormia ao meu lado, senti um estralo forte e dolorido por dentro, não sei bem se foi no colo, na pelve...

Senti outra cólica forte alguns minutos depois, levantei pra ir ao banheiro, e senti outra cólica forte sentada na privada, depois que fiz xixi...Quando passei o papel higiênico, saiu um tiquinho de sangue, não sei se era o tampão. Mas líquido mesmo não tinha nenhum. Era só um corrimentozinho rosado. A bolsa estava intacta.

Fiquei pensando oq fazer, pra quem ligar primeiro, já que eu estava sozinha com as meninas em casa, me lembro de chorar por não acreditar que tava entrando em trabalho de parto sozinha em casa. 

Esperei mais uns 15 minutos pra ter certeza que não era alarme falso. E não era mesmo, pois nesses 15 minutos senti umas 4/5 contrações.

Lá pelas 1:50 Liguei pro Alexandre e pedi que viesse pra casa pq eu estava com muita dor.

Ele achou que eu não tava falando sério, mas disse que logo ia chegar.

Comecei a sentir muito enjoô e uma azia muito forte, mas não conseguia vomitar, só 
dava aquela ansia...

1:57 liguei pra Priscila avisando oq estava acontecendo, e disse que não daria tempo dela chegar aqui, mas se caso me mandassem voltar pra casa eu ligaria pra ela. 

Eu durante as contrações fazia oq a Pri me falou no telefone, eu ficava de cócoras, mas depois de 2 contrações fazendo isso decidi parar, pq como tava sozinha, não queria mais dilatar com tanta rapidez, e eu tentava cronometrar as contrações, e olhava no relógio durante uma contração, e quando chegava na outra quem disse que eu conseguia lembrar que horas tinha sido a anterior??minha cabeça simplesmente não funcionava direito. Que falta me fez ter alguém comigo, que falta me fez ter a Pri ali me ajudando.

2:00 liguei pra tia Maria[tia do meu marido que mora na minha rua mesmo] pra vir ficar com as meninas que continuavam dormindo.

Enquanto esperava fiquei no quintal, e escorava no murinho durante as contrações, a noite linda, céu limpo, sem nuvens, mas estava bem gelada.

Tia Maria logo chegou. E toda preocupada com quem iria me levar ao hospital.

Liguei de novo pro Alexandre xingando pra ele vir logo pq a dor estava forte demais, ele disse que estava vindo, ia levar um amigo em casa e ja viria. Gritei pra ele que não ia dar tempo de esperar não, que era pra vir JÁ. Desliguei na cara dele. Brava. 

Meu humor já estava dos piores.

A vontade de empurrar estava ficando mais forte, comecei ligar de novo pra ele. E o cel. dele não chamava. Ele tentava ligar pra mim, e eu pra ele. Daí nem ele conseguia falar comigo, nem eu com ele.

Mandei um torpedo dizendo que se apressasse ou ela nascia em casa mesmo.

Liguei pra Adriana [minha cunhada], chamou 3 vezes e comecei sentir dor, e desliguei.

Alexandre me ligou, falou que estava vindo, direto pra cá, e nem ia levar o amigo em casa, 

Adri me ligou perguntando oque eu queria, falei que tava com dor, mas estava esperando Ale chegar e disse qualquer coisa eu ligava pra ela.

Alexandre me ligou de novo perguntando se era sério que eu tava com tanta dor mesmo, berrei com ele, que não tava só doendo que ela tava quase nascendo, ele falou que em 20 minutos estaria aqui, que ele tava vindo correndo pra cá. Eu andando pra lá e pra cá dizia.

- Pelo amor de Deus homem, não dá tempo de esperar 20 minutos não.

Ele falou pra eu chamar um taxi, ou chamar a irmã dele, que ele ia direto pra hospital, falei que não que ia esperar ele chegar, mas pra ele se apressar.


A dor tava mais forte, mas sem a ocitocina na veia, era muito mais tolerável, e eu achei mesmo que ainda demoraria mais um tempinho pra ela nascer. Pois a dor que eu me lembrava era ao menos 100 vezes maior.


Meu sentimento naquele momento era uma mistura de raiva por estar sozinha, pelo meu marido não estar ali, pelas coisas não estarem saindo nem perto de como planejei, e a imensa alegria de saber que em poucos minutos minha filha estaria nos meus braços, e eu iria finalmente conhece-la.

Eu comecei sentir uma vontade dooooooooooooooida de empurrar, eu me contorcia escorada nas coisas, sem fazer barulho, pra não acordar as meninas e não assusta-las, e a tia Maria dizendo pra eu ligar pra Adriana, liguei, pedindo pra ela vir, liguei de volta pro marido pra ele ir direto pro hospital que a Adri tava vindo me pegar. Sentei numa cadeira da sala, cruzei as pernas e fiquei me segurando pra não fazer força. Em menos de 5 minutos minha cunhada e o marido dela ja estavam aqui, peguei as bolsas e documentos, e uma toalha pra sentar em cima caso a bolsa rompesse, fui pra dentro do carro, e preferi ficar no banco de trás. 

Ainda aqui na rua, eu não conseguia mais controlar a vontade de empurrar, eu não conseguia segurar como fazia lá em casa, acredito eu que o pequeno lance de escadas e o corredor que desci na saída de casa fizeram a dilatação ser total, meu corpo já trabalhava sozinho, eu sentia minha filha descendo durante a contração e eu sabia que eu tinha que ajudar ela a nascer. Falei pra Adri que não dava tempo de chegar no hospital, que ela ja estava nascendo sozinha, e eu estiquei a toalha de qualquer jeito no banco e tentava tirar minha calça, enquanto deitei no banco do carro com a cabeça escorada na mala da maternidade. O carro em movimento, veio uma contração muito forte e eu senti algo saindo, coloquei a mão achando que era a cabeça dela, mas era a bolsa, fiz uma força não muito forte e ela estourou na minha mão, fez aquele 'ploft' e saiu um pouco de líquido, as lembranças ficam meio atrapalhadas agora, e eu lembro de repetir que eu não sabia oq fazer, comecei empurrar qdo veio outra contração, e a cabeça da Alice saiu...Adri passou pro banco de trás comigo, e nós 2 espremidas dentro daquele ford KA...e ela dizia ...

_Marcelo ta nascendo...

E eu estava desesperada[meio descontrolada sabe??rs] e gritava pra ela...

_Já nasceu?????puxa elaaaaaaaaaa...

Ela tentando manter a calma, respondia.

_Não Nasceu ainda, precisa fazer mais força Erika.

E fazia massagerm na minha barriga, o olhar dela era um misto de preocupação e serenidade.

Eu então me controlei e me concentrei em mim, e no meu corpo, respirei fundo de olhos fechados e tive um rápido diálogo comigo mesma.

_Erika, como vc não sabe o que fazer???claro que você sabe...você leu mil coisas, ja passou por isso antes, vc precisa de uma contração e precisa fazer força..Vamos mulher que tu consegue.

Lembro ainda de sentir Alice mexendo as perninhas dentro da minha barriga, minha vontade era mudar de posição, mas dentro do carro eu tava bem limitada e fiquei do mesmo jeito, veio outra contração, e fiz uma força bem grande, e saiu metade do corpinho dela, falei pra Adriana segurar ela, ou falei pra puxar, não lembro, sei q ela respodeu que eu precisava fazer mais força. E foi o que fiz, e ela terminou de nascer, e saindo junto todo o líquido da bolsa que quase não tinha saído antes.

Abri os olhos e vi minha cunhada segurando Alice que já deu grande choro, vi que ela era bem grande, e tava metade do corpinho sujo de sangue. Estiquei os braços e Adri colocou ela em cima de mim, pegou uma manta na minha bolsa e cobriu ela, ela parou de chorar no mesmo segundo que sentiu meu cheiro. 

Priscila ligou, minha cunhada atendeu e disse que a Alice tinha acabado de nascer dentro do carro mesmo, mas que já estávamos quase no hospital.

Chegamos ao Mandaqui. E o segurança da portaria já passou um rádio passando avisando do parto no carro.

Quando encostamos o carro na entrada, a médica já esperava, minha cunhada avisou que a Bebe ja tinha nascido, e que tinha chorado, e parecia estar bem.

A médica entrou no carro, viu que o cordão ja não pulsava, pinçou e cortou, com ela ainda enrolada na manta, pegou-a e ela já começou a chorar de novo, a enfermeira que pegou ela falou.

_ Puxa mas você mal conheceu a mamãe e já ta com saudade.

Cortou meu coração ouvir ela chorar quando tiraram ela de mim. Mas eu precisava sair do carro. Trouxeram um lençol, levantei sozinha, e saí do carro me enrolando no lençol, e subi na maca. procurei a enfermeira com a Alice no colo e não encontrei, perguntei pra médica e ela disse que ela ja havia subido. Ela me pediu pra ficar calma, que ela me levaria pra mesma sala que levaram ela. Minha cunhada ficou lá fazendo a internação e eu subi pro centro obstétrico.

Chegamos por um elevador e a enfermeira com Alice pelo outro. Senti um alívio enorme por estar perto dela de novo.

Daí foi aquela cutucação toda em mim. E eu nem ligava, queria olhar minha pequena, ver tudo que faziam com ela. Limparam, deram vitamina K injetável na perninha, colírio nos olhos, não aspiraram ela, a médica chamou minha atenção, pra eu fazer uma forcinha, pra sair a placenta. Uma cóliquinha, uma forcinha e ela saiu facinho. Pegaram Alice pra pesar, como ela era grande, as enfermeiras ficaram apostando pra acertar o peso. Uma disse 3,800, outra 3,700.

Deu 4,040 gr. e 48 cm.

Uma surpresa pra todos, inclusive pra mim, levando em conta o parto fácil que tive.

Eu ainda tava meio em transe, maravilhada com minha filha, olhando pra ela que estava lá no bercinho, nem percebi direito quando colocaram soro em mim, sei que injetaram vários remédios, mas eu nem olhei pra ver.

A médica avisou que ia me aplicar anestesia, que eu tinha tido umas pequenas lacerações, 1 em cada um dos pequenos lábios vaginais, e 1 na cicatriz da epsio anterior[ e mesmo lugar da pequena laceração do parto da Sabrina], precisaria de 4 pontinhos ao todo.

Foi tudo bem tranquilo. Assim que terminaram comigo, sei lá pq, me levaram pra outra sala, e deixaram Alice lá. A enfermeira falou que deixaria ela lá no berço aquecido, que aquela sala que me levaram o berço tava quebrado, eu pedi pra ela me trazer minha filha, que eu mesma aqueceria ela, ela ficou relutante, mas falei já quase chorando que queria amamentar ela. A enfermeira concordou e trouxe minha Alice.

Peguei ela, tentei me ajeitar como podia, e dei o peito pra ela, que pegou e sugou muito bem, ficamos ali uns 20 minutos sozinhas, e ela logo dormiu.
Me levaram pro quarto e eu só sabia ficar lambendo minha cria, que só sabia dormir, rs, 

A madrugada estava gelada e silenciosa, as outras mamâes e bebês do quarto dormiam quando chegamos, e eu aproveitei aqueles momentos sozinha pra curtir minha nova filhotinha, e fiquei até o raiar do dia olhando pra ela, conversando, amamentando, cheirando e beijando. 

A enfermeira deu banho nela e logo trouxe de volta pra mim.

Passamos 2 dias no hospital. A amamentação foi muito tranquila desde o 1º instante. Sem dor, sem fissuras[pela 1ª vez] e sem stress.

E eu, o papai e os irmãos estamos completamente apaixonados por ela.

E foi assim, de um parto meio domiciliar não planejado, mas muito bem sucedido que dei a luz a minha última filha. Não lamento nada. Aproveitei cada minuto. E foi da melhor forma que poderia ter sido. Claro que se eu soubesse que não daria tempo de chegar no hospital, eu tinha parido ela em casa mesmo. Mas, foi como tinha que ser.

Erika Lolli Ccossegian
33 anos, sou mãe e esposa em tempo integral, tenho 4 filhos. Me dedico completamente a minha família, crio meus filhos com apego por instinto. Gestar, parir, amamentar e amar, com certeza nasci pra isso. Sou orgulhosa em ser a mãe/mulher/pessoa que sou.


 Licença Creative CommonsO trabalho Relato de VBAC: 1 Cesárea e 3 Partos de Erika Lolli Ccossegian foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Este texto possui uma licença Creative Commons BY-NC-SA 3.0. Você pode copiar e redistribuir este texto na rede. Porém, pedimos que o nome da autora e o link para o post original sejam informados claramente. Disseminar informação na internet também significa informar a seus leitores quem a produziu.

2 comentários: