Este relato começou no dia 04 de abril de 2010, quando estava grávida
da Catharina ainda, e sofrendo pressão por todos os lados para ir para
uma cesárea devido a diabete gestacional e vários outros fatores, após
uma busca intensa pelo parto normal. Resolvi escrever uma carta de boas
vindas à Catharina, de forma que ela pudesse sentir-se bem vinda, e
deixar a casinha tão especial onde ela habitava a nove meses.. Só que
esta carta começou a ficar grande, ganhar corpo e detalhes e, enquanto
eu a escrevia, Catharina chegou! Foi então, que entendi que muito mais
do que uma carta de boas vindas para minha filha, eu tinha o dever de
compartilhar com outras mulheres a árdua busca, a persistência, e porque
não dizer teimosia até os últimos segundos em resgatar o meu direito de
parir. Sim, o direito que me foi tirado por duas vezes, única e somente
por minha responsabilidade. Há um ditado que diz “Quando não sabemos
para onde vamos, qualquer caminho serve.” E é justamente por não saber,
não ter as informações necessárias, não tomar as rédeas da minha
gestação e do meu parto, que acabei caindo em duas “desnecesáreas”. A
primeira há 12 anos atrás, quando engravidei pela primeira vez. Era tão
nova e inexperiente, não sabia o que eu queria. Foi uma gestação
complicada, com ameaça de aborto no 3º mês, trabalho de parto prematuro
no 5º mês, seguido de cerclagem, repouso absoluto e muita inibina e
dactil até o 8º mês. Acabou prevalecendo o desejo do médico, que após
todo o estresse emocional que eu havia passado durante a gravidez,
utilizou de um diagnostico de HPV não confirmado, mais sofrimento fetal e
circular de cordão para me enviar ao centro obstétrico mesmo após eu
ter passado por uma cerclagem às 20 semanas de gestação por
incompetência istimo cervical, o que provavelmente facilitaria e muito o
trabalho de parto se a cerclagem fosse retirada. Não peguei minha
filha, fui dopada, demorei tanto a ter leite que minha filha teve uma
crise hipoglicemica. O alojamento não era conjunto naquela época, as
enfermeiras apenas traziam o bebê quando elas queriam. Foi uma
experiência angustiante.
A segunda cesárea, há dois anos e meio atrás, quando engravidei pela
segunda vez. Tinha convicção de que teria um parto normal. A convicção
era tanta de que parto normal é normal, ou seja, não precisa de nada –
ele deve acontecer naturalmente, que não me informei, não questionei os 5
obstetras pelos quais passei, não me preparei. Talvez pela fragilidade
da primeira gravidez, essa segunda foi cheia de cuidados, troquei cinco
vezes de obstetra, porque ao meu ver, nenhum deles dava a devida atenção
ao “estado especial” em que me encontrava. Cada dorzinha, ou suspeita
de algo não estava bem, corria para o hospital, a fim de escutar o meu
bebê, ou para o consultório do médico. Me sentia tão fragilizada, tão
ameaçada que obviamente, acabou prevalecendo novamente a decisão maioral
do médico, quando em uma consulta de rotina às 37 semanas, onde eu me
queixava de que a barriga estava dura e dolorida, me mandou ao hospital
no dia seguinte pela manhã para realizar alguns exames. Um dos exames
detectou índice de líquido amniótico muito baixo (ILA = 2,5), o que
colocaria meu filho em sofrimento fetal: “seu filho tem que nascer
hoje”, foi o que ouvi. Então perguntei: “Então o senhor vai induzir o
parto?” – e a resposta: “De jeito nenhum. Seu bebê não agüenta. Não tem
líquido para ele minha filha”. Meu mundo caiu, como diria Maysa. Sentei
no corredor frio do hospital e desabei a chorar. Cinco enfermeiras me
cercaram e me disseram que era melhor assim, pois meu bebê era muito
grande! Entrei aos prantos no centro cirúrgico, passei mal a cirurgia
inteira. Meu mal-estar só passou quando ouvi o choro do meu bebê. Mas
não pude pegá-lo. Estava com os braços amarrados, só senti o seu
cheirinho, dei um beijo e o levaram.
Pelo menos desta vez, o alojamento foi conjunto. Meu filho foi para o
quarto menos de duas horas depois de ter nascido, meu leite veio mais
facilmente. Consegui amamentar melhor do que da primeira vez. Mas
novamente me sentia angustiada. Impotente. A única certeza que eu tinha
era de que não engravidaria outra vez, pois segundo diziam, após duas
cesáreas eu teria que me submeter a uma nova cesárea. Tive dores
horríveis ainda no hospital, fui medicada com Traumal (logo eu, que
odeio remédios). Sofri horrores com uma dor insuportável na barriga
devido à manobra de Kristeller (não sei se é assim que escreve) durante a
cesárea. A minha recuperação da segunda cesárea foi muito pior do que a
primeira. Talvez porque eu tenha me preparado psicologicamente apenas
para o parto normal, talvez porque eu não tenha aceitado a situação, eu
não sei. Eu me sentia impotente e responsável por aquilo, mas não sabia o
por que. Eu só sei que a única certeza que eu tinha naquele momento,
era de que não teria outro filho jamais. Não tinha condições
psicológicas e físicas de encarar uma nova cesárea. Mas faltava algo.
Eu sentia a necessidade de passar pela experiência do parto. Parecia um
belo quebra-cabeça, com uma peça faltando, e que fazia com que toda a
imagem perdesse o sentido. Era assim que eu me sentia.
O relato a seguir, faz parte do livro que estou escrevendo. O livro
começou com uma carta de boas vindas para Catharina, e portanto o relato
é contado PARA ela. Talvez vocês estranhem referencias ao “seu pai”, ou
“seus irmãos”. Mas para não reescrever o relato, retirei do livro
apenas alguns capítulos, os que retratam o trabalho de parto em si. O
livro que está quase pronto, contempla toda a minha busca pelo VBA2C, as
dificuldades, as incertezas, o apoio que recebi de tantas pessoas, dos
integrantes do Ishitar Sorocaba, das listas de discussão na internet e
comunidades do Orkut, de forma que possa servir de estímulo e talvez
orientação para quem já passou por uma ou mais cesáreas e assim como eu,
deseja parir. Porém, é principalmente um instrumento de divulgação para
mulheres que nunca engravidaram, um instrumento de alerta “Não façam a
primeira cesárea”. Porque depois da primeira, tudo fica mais difícil.
Quem ainda não tem filhos, opte e faça valer a sua opção pelo parto
normal, de preferência natural.
Entrei em pródromos no dia 29 de março. Tenho certeza. As contrações
começaram a vir regulares, durante 3 horas e depois pararam. Comecei a
perder o tampão mucoso em maior quantidade no dia 02 de abril,
sexta-feira santa. Tive muitas contrações durante todo o final de semana
de páscoa, mas nada delas ficarem regulares. Estava tensa, precisava
entrar em trabalho de parto, pois a GO já estava preocupada e
desconfortável em prosseguir com a gestação devido a todos os fatores de
riscos associados: Duas cesáreas anteriores, diabetes gestacional e
baixa movimentação fetal que tinha acontecido na madrugada de 28 para 29
de março (posso dizer até ausência de movimentos). Parei de trabalhar
devido a todos os exames que a GO pediu, estava então com 39 semanas
completas. Foram dias difíceis, tensos. A pedido da GO eu ia ao
hospital, a cada dois dias para fazer o cardiotoco e monitorar sua
movimentação. Chegava no hospital e sempre “esquecia” o cartão de
pré-Natal. Na ficha de admissão, eu sempre omitia uma cesárea (dizia que
tinha um PN feito há 12 anos e uma cesárea por baixo ILA há 2,5).
Sempre colocava uma semana a mais na data da ultima menstruação, e dizia
que estava indo ao hospital, a pedido da GO que era de outra cidade,
porque tinha ligado para ela dizendo que o bebê não estava com boa
movimentação. Acabei ficando mais conhecida no hospital que o próprio
porteiro. Eles achavam estranho eu sempre esquecer o cartão de
pré-natal, mas eu dizia “cabeça de grávida… a gente fica muito
esquecida, não é…”. Sempre me recusava a passar pelo exame de toque,
dizia que não sentia nada, cólica nem contrações. Os plantonistas me
olhavam torto, mas respeitavam. E quando me perguntavam para quando
estava agendada a cesárea, eu dizia que queria parto normal, e eles me
olhavam como uma ET. Exceto uma plantonista. A Dra Adriana. Que graça.
Me apoiou, disse que eu devia mesmo tentar, e que era muito melhor para o
bebê e para a mãe… Com ela eu falei a verdade sobre a diabete
gestacional, mas não contei das duas cesáreas. Não era louca, já estava
com quase 41 semanas quando passei com ela. Depois dos exames perguntei
se ela se sentia confortável em prosseguir mais uma semana, se eu fosse
paciente dela. Ela disse que pelos exames sim, mas que seria realmente
necessário monitorar no máximo a cada dois dias. E reforçou é claro:
Como você tem “uma” cesárea não pode receber ocitocina. Assim, reze para
começar o TP espontaneamente. Mal sabia ela que na verdade eu tinha
eram duas cesáreas.
Fazia em casa o mobilograma após as refeições, e isso me deixava
muito mais tranqüila. Você estava bem e respondia bem aos estímulos.
A semana do dia 05 de abril passou lentamente. Fiz sessões de
acupuntura diariamente com a Carla Dante, indicação da Priscila (minha
parteira) aqui em Sorocaba. Durante as sessões, eu tinha contrações
regulares, que depois sessavam.
Ainda no dia 08 à noite, liguei para Carla Arruda (foi a primeira
pessoa com quem conversei sobre VBA2C. Ela coordena o Ishtar em
Sorocaba, criamos uma relação de amizade). Perguntei se ela poderia vir
em casa para fazer minha barriga de gesso na 6ª feira…. Seria a
despedida da barriga!
Na sexta, acordei com contrações doloridas, um pouco mais regulares.
Liguei para Carla acupunturista e perguntei se ela podia vir pra casa
para fazer mais uma sessão, pois sentia que algo estava diferente,
parecia que iria engrenar (ou será que era minha ansiedade)? A Carla
veio cedo, fez a sessão e foi embora pois tinha que trabalhar. Fiquei o
dia todo com algumas contrações, mas nada do TP engrenar. Não estavam
fortes, mas pelo menos não pararam igual parou na semana anterior. Fui
caminhar com a Val (nossa vizinha, que apesar de morrer de medo do parto
normal, e ter optado pela cesárea eletiva quando estava grávida da
Júlia, comprou a causa, me apoiou o tempo todo… passava todo dia em casa
me chamando para caminhar… foi muito legal!)
.
Logo depois do almoço, a Carla e o Henrique (bebê lindo dela) vieram
em casa para fazermos a barriga de gesso. Foi uma tarde muito
agradável, a sua irmãzinha Beatriz participou, foi muito legal. Barriga
moldada, combinamos da Carla pegar a barriga na 2ª ou 3ª feira para
fazer o acabamento. Enquanto isso iríamos guardá-la em casa…
A sexta-feira acabou e nada de trabalho de parto. Mas era incrível
como eu estava me sentindo mais calma e tranqüila depois da conversa que
eu tinha tido com a GO na 5ª feira (eu tinha dito a ela que assumiria
todos os riscos mas que não faria a cesárea na 6ª feira, dia 09 como ela
queria), com a Leticia, com a Carla e com o seu avô. Seu pai ao
contrário, estava cada vez mais ansioso. Ele já tinha entendido que não
adiantava me falar de cesárea, de riscos, disso e daquilo porque eu
estava DECIDIDA. Continuou me apoiando, mas desta vez sem falar em
riscos, em problemas assim como eu tinha pedido. Foi fundamental. Pedi a
ele que confiasse em nós duas. E ele estava confiando… senão já teria
jogado a toalha!
Sábado, dia 10, foi o primeiro dia em tantos que acordei tranqüila e
confiante… eu tinha certeza que as coisas iriam acontecer. Acordei cedo,
logo que fui tomar café da manhã, vi um torpedinho da Rebeca (doula de
BH), perguntando se estávamos bem e se colocando a disposição para o que
fosse necessário. Ela estava em SP aguardando um outro arianinho
preguiçoso dar o sinal de vida, como ela mesma disse (risos). Também
recebi um torpedinho da Carla acupunturista e da Lina. Depois do café
fui ao Ishitar para mais uma reunião. A Priscila faria parte daquela
reunião e falaria sobre parto domiciliar. Seu pai foi trabalhar, levou
seus irmãos para casa da sua avó, e a Carla Arruda (são tantas Carlas,
risos) passou em casa para me pegar. Fomos juntas ao Ishitar. Subi as
escadas com o Henrique (bebê da Carla) no colo, quem sabe assim ajudava a
induzir? A reunião foi muito legal, pessoas novas, uma colega que
também tinha tido 2 cesáreas e está grávida novamente e não sabia que
era possível tentar um parto normal após duas cesáreas. Quando me
apresentei, fiz questão de dizer a ela que SIM, é possível! Ela se
sentiu da mesma forma que eu me senti há alguns meses atrás… enganada..
roubada. Chorou, da mesma forma que eu chorei da primeira vez que fui ao
Ishitar. Me senti responsável por aquela mulher…. não sei explicar, mas
tenho a impressão que nossa história fará toda a diferença para ela,
assim como para outras mulheres.
Terminada a reunião, a Priscila ouviu seu coraçãozinho, mediu minha
pressão e atestou: Vocês estão ótimas! Fique tranqüila. A Priscila,
sempre incentivando e acreditando que tudo daria certo!
A Leticia também estava lá. Conversamos bastante. O seu pai chegou,
acompanhou o exame, mas ele estava tenso. Eu morria de dó do seu pai,
mas não podia desistir… Eu sou teimosa mesmo, quando coloco algo na
minha cabeça, é difícil tirar… É claro que não colocaria você ou eu em
risco. Mas todo o monitoramento que estávamos fazendo mostrava que nós
duas estávamos muito bem. Isso era o bastante para me deixar tranqüila.
Já ele coitado, não sentia você dentro da barriga, então era difícil
entender que estava tudo bem, após tudo o que ele tinha ouvido da GO.
Fomos embora do Ishitar, morrendo de fome… Já era tarde, e precisava me
alimentar e alimentar você!
Após a reunião no Ishitar, onde encontramos várias pessoas queridas,
eu me sentia incrivelmente bem disposta e com energia. Precisávamos
comer e pegar seus irmãos na casa da sua avó. Foi o que fizemos. Fomos
para casa, almoçamos e fui deitar. Seu irmão, depois de tantos dias
arredio, aceitou o convite para dormir comigo depois do almoço.
Deitamos na cama da mamãe, abracei e aconcheguei seu irmãozinho,
dormimos abraçadinhos… Que delícia! Deitados de conchinha, sentindo o
cheirinho dele… Ele entregue aos meus braços, como há dias não fazia.
Era 14:40 quando me levantei, seu irmão dormindo gostoso e senti algo
descendo pela vagina, a mesma sensação de quando estamos menstruadas.
Como já estava perdendo o tampão há quase 10 dias, achei que fosse o
tampão… Mas a calcinha ficou bem molhada. Mostrei para seu pai, ele
perguntou “não é xixi?”. Eu disse que não, que não tinha cheiro de
xixi, e também eu não tinha “soltado”, simplesmente tinha “descido”.
Liguei para a Priscila (parteira), dizendo que achava que a bolsa tinha
rompido, mas que deveria ser uma ruptura alta, porque havia vazado um
pouco e parado. Ela disse que se fosse uma ruptura alta que o TP poderia
ainda demorar muito para começar, pois rupturas altas não fazem o
efeito de uma ruptura baixa. Mas pediu para eu observar e qualquer coisa
ligar para ela. Voltei a deitar, abraçadinha com seu irmão. Quando
acordei, sentei na cama e senti um “ploft” no colchão. Levantei e um
pouco de líquido correu pela minhas pernas. Chamei seu pai para ver.
Fiquei tão eufórica que não conseguia disfarçar! Isso já devia ser umas 4
horas da tarde…. Mandei torpedo dizendo que tinha certeza que era a
bolsa que tinha rompido e que não parecia ser ruptura alta para
Priscila, para a GO, para a Leticia (doula), para a Rebeca (Parto Nosso)
e para a Joana… Ah! A Joana… esqueci de mencionar… Ela foi a minha
inspiração… É uma pediatra de Campinas, que tinha tido 2 cesáreas e
pariu lindamente em casa a Ana Luiza, acompanhada pela Priscila…
A cada esforço que eu fazia saía uma quantidade boa de líquido. Tive
que colocar uma fraldinha de pano dobrada entre as pernas, para não
ficar pingando pela casa… a Priscila, a Rebeca e a Leticia sempre me
encorajando dizendo “que bom Gi! Agora você entra em TP…. é só uma
questão de tempo!”. Chorei de emoção… Seu pai me perguntou porque eu
estava chorando e eu respondi: “Mesmo que uma cesárea seja necessária,
agora ela já deu o sinal que está pronta para nascer. Meu corpo está
funcionando! Estou feliz!”. Avisei minha prima Evelim que mora em SP
também… o planejamento inicial era levar seus irmãos para casa dela,
assim eles poderiam nos visitar e conhecer você ainda no hospital.
Coloquei até uma notinha na lista Parto Nosso (pelo Black Berry), de
que a Bolsa tinha rompido. Novamente, várias mensagens positivas… A
melhor coisa que eu fiz, foi ter entrado para a lista, mesmo no
finalzinho… É tão bom ver que tem pessoas que a gente nem conhece
torcendo para que tudo de certo!!!
A GO pediu para eu fazer um cardiotoco e passar na maternidade de
Sorocaba para ver se era a bolsa mesmo que havia rompido… Não quis ir
até lá no sábado, uma porque não queria que fizessem o exame de toque
(eu tinha medo que contaminasse) e outra porque a Priscila já tinha
escutado seu coração mais cedo e você estava bem. Decidi que faria no
domingo caso nada acontecesse naquele Sábado…
Resolvemos sair para fazer umas comprinhas, para abastecer a
dispensa, pois não havia quase nada em casa, e se realmente fossemos
viajar, precisaríamos deixar a geladeira abastecida. Saí com a fralda de
pano entre as pernas. A Leticia, toda hora mandava torpedo para saber
como estávamos. Já começava a sentir as contrações mais doloridas, uma
dor diferente, mas ainda muuuuito irregulares. Ela pediu para mantê-la
informada, e a Priscila também.
Voltamos para casa, guardamos a compra e aí, a coisa começou a pegar…
Lá pelas 22 horas, as contrações começaram a doer para valer, e a ter
certa regularidade. Coloquei outra nota no Parto Nosso, dizendo que
provavelmente que estava entrando em TP. Comecei a tomar o Caulophylum
de 20 em 20 minutos conforme o livro de homeopatia sugeria. Fui
mandando torpedo para a Leticia e para a Priscila, até que a Pri me
ligou e disse para eu ligar para Leticia e pedir para que ela viesse
para casa. A Leticia já estava a caminho. Eu não conseguia ficar
deitada. As contrações vinham a cada 15 minutos mais ou menos, mas como a
dor era intensa se eu estava deitada, cada vez que vinha uma contração
eu ficava paralisada, não conseguia mudar de posição, o que tornava a
contração mais dolorida ainda…. Pedi ao seu pai para tentar dormir,
porque se caso o TP engrenasse mesmo, ele precisaria dirigir até SP e
precisaria estar bem para isto. Ele preferiu dormir na sala, e me deixou
no quarto. Disse que se eu precisasse usar o banheiro o quarto seria
mais confortável. Então eu fiz uma montanha de almofadas e ficava
debruçada sobre ela… Quando a contração vinha, nesta posição era menos
dolorida. A Priscila havia me dito para tentar descansar o máximo
possível, porque iria precisar de energia quando o TP realmente
estivesse na fase ativa… mas como dormir com aquelas contrações?
Descobri que era possível dormir entre as contrações, então a cada 15
minutos eu acordava com a dor, rebolava, ou agachava, e quando a dor
passava eu voltava a dormir. A Letícia chegou por volta de 01 da manhã.
A Leticia foi A doula. Ela fez chá de framboesa que a minha amiga
Raquel trouxe dos EUA para mim, com canela e gengibre. Preparou o
escalda pés, fez massagem. Cada vez que eu acordava com contração, com
dor, ela fazia massagem na minha lombar. Me incentivava a agachar,
acocorar e chamar por você. “Venha Catharina….”. Me deu o Caulophylum
de 15 em 15 minutos (a cada contração) a noite inteira. Hora ou outra
chegava um torpedo da Priscila pedindo notícias, como estava
progredindo. Mandei a Priscila ir dormir umas 3 vezes por torpedo, mas
ela não conseguiu. Aliás, só consigo lembrar dos detalhes por causa dos
torpedos. Às 02 da manhã, a Priscila encanou que “precisava ouvir a
Catharina”… eu nem me toquei, mas ela estava contando as horas de bolsa
rota…Sei que ela apareceu em casa devia ser umas 04 ou 05 da manhã…
Adivinhem? As contrações pararam claro… Como eu estava sensível às
mudanças! A Leticia chegou, as contrações desregularam. A Pri chegou, as
contrações pararam. A Pri foi embora, o bicho pegou novamente.
Amanheceu, tomamos café da manhã e a Leticia foi caminhar comigo.
Caminhamos, mas eu estava bem cansada pela noite mal dormida… Logo perto
da hora do almoço, deixamos seus irmãos na casa da vovó e fomos ao
hospital fazer o cardiotoco que a GO pediu. Durante o exame tive 2
contrações beeeeeem doloridas. Mas como estavam muito irregulares, a
Leticia foi para casa dela. Disse que a chamaria caso apertassem de
novo. Fomos para casa, almoçamos e resolvemos deixar seus irmãos na
casa da sua avó. Assim ficaria mais a vontade para gritar se fosse
preciso, ficar pelada. Ficaríamos mais tranqüilos e seu pai poderia
descansar também. Lá pelas 2 horas da tarde, com quase 24 horas de bolsa
rota, as contrações começaram a pegar mesmo. Como doíam! Mas ainda
estavam bem irregulares. Tomei banho quente, rebolei na bola que a
Leticia tinha deixado… Arranquei toda a roupa… A Leticia enviou um
torpedo, perguntando como eu estava e eu disse que as contrações estavam
apertando. Comecei a sentir frio… Seu pai mediu minha temperatura e
ficou preocupado, pois estava com 37,7 – justo eu, que NUNCA tive febre
na vida – nem com pneumonia, nem com apêndice infeccionado, com nada!
Ele resolveu ligar para a Priscila, que pediu para avisarmos a GO… Mas
eu não quis preocupa-la. Seria mais um fator de risco. Ela sabia da
bolsa rota desde sábado, eu havia mandado torpedo falando do cardiotoco e
silêncio total… nenhum torpedo nenhuma ligação pois ela estava num
curso o dia todo. Por volta de 16:30 a Priscila conseguiu falar com ela…
e me ligou. Meu mundo caiu. Seu pai queria ir para o São Luiz. A
Priscila queria ir para o São Luiz. A GO não queria. Disse com todas as
letras que se eu chegasse no São Luiz fora de TP ativo, que ela me faria
uma cesárea sem hesitar. Disse que ela era visada no São Luiz, que não
podia internar uma paciente com duas cesáreas anteriores, diabete
gestacional, 40 semanas e 5 dias, e quase 30 horas de bolsa rota! Ela me
ligou no intervalo do curso, e repetiu a mesma coisa que disse para a
Priscila para mim. Disse que eu sabia desde o começo que se o trabalho
de parto não fluísse naturalmente, que eu sabia que seria cesárea… Eu
tentava dizer para ela que estava fluindo e ela não me ouvia… Comecei a
ficar nervosa, acho que comecei até a gritar… No meio da discussão tive
uma contração muito forte, passei o telefone para o seu pai… Ela repetiu
tudo que tinha me dito para o seu pai. Seu pai tentando negociar.
Sugeriu para ela que fossemos para o São Luiz, e que se nada acontecesse
até as 07 da manha ela podia fazer a cesárea. Quando a contração
passou, ele voltou o telefone para mim… Ela começou a repetir as mesmas
coisas, eu disse que ela tinha aceitado o caso, que ela não podia me
deixar à deriva assim… Aí veio o mais absurdo. Ela me disse para
internar no hospital de Sorocaba e que quando o trabalho de parto
realmente estivesse ativo, para pedir alta pedido e ir para SP. Eu disse
que ela estava louca, que eu não ia internar em Sorocaba. Que ELA era
minha medica, e que eu ia internar no nome dela em SP. O seu pai disse
que eu gritei com ela “quer dizer que estou sem médica então?”… eu não
me lembro disso… sei que disse para ela que iria desligar e que depois
falava com ela… Isso devia ser umas 5 ou 6 da tarde… Chorei de raiva,
de ódio de indignação! Não tinha chegado até ali, para ouvir que iria
ser submetida a uma cesárea! Embora todo mundo diga que para ter
contrações tem que estar “zen”, para liberar ocitocina, comigo foi
exatamente o contrário. Eu estava com tanta raiva da situação que acho
que foi a raiva que desencadeou as contrações… Vieram muito doloridas…
Fui caminhar com a Leticia, nessa altura as contrações estavam muito
fortes, a Priscila já estava em casa, tinha me examinado. O colo estava
anterior e bem mais molinho, o que significava que as contrações estavam
trabalhando o colo. Nada de dilatação ainda, mas bem mais trabalhado.
Cada contração que vinha eu agachava…. Estava difícil não gemer e não
fazer barulho, porque as contrações estavam realmente doendo. Seu pai
resolveu ir buscar seus irmãos e sua avó para ficarem em casa. A Leticia
me ajudou a terminar de arrumar as coisas para levar ao hospital. Não
sei em que momento, a GO ligou para a Priscila novamente, não sei nem
para que… Sei que ela me ouviu urrando de dor, e falou para a Pri que
éramos para ir para São Paulo… Nem acreditei… Continuamos andando,
tomando chá, tomando as homeopatias… E seu pai não chegava nunca… foi
uma eternidade… até a Letícia falou: “Tá com pressa de ir pro hospital?
Quanto mais tempo ficarmos aqui é melhor!” Mas eu tinha medo era de não
conseguir ficar sentada no carro se as contrações piorassem…. E elas
estavam piorando.
Seus irmãos e sua avó chegaram. Que felicidade ver seus irmãos! Foi
uma alegria tão grande revê-los depois de tantas horas! O Arthur quis
colo, estava carinhoso novamente… A Bia estava com o rostinho
preocupado… Expliquei para ela que eles não iriam, porque eu precisava
do banco de trás e precisava que a Leticia fosse comigo. Disse que se
desse alguém iria buscá-los em Sorocaba para nos visitar. Ela entendeu,
ou pelo menos fez que sim… É uma mocinha, e compreendeu que aquele
momento não era para discutir. Chorou quando nos despedimos… Fiquei
morrendo de dó. Acho que ela chorou por não poder participar, não poder
ir junto.
Saímos de Sorocaba por volta de 21 horas do domingo, dia 11. Ao
sairmos as contrações deram uma espaçada, mas ainda vinham muuuuito
fortes. Eram, realmente, diferentes de tudo o que eu tinha sentido nas
duas ultimas semanas. Tinha certeza que o TP havia começado. Era só uma
questão de tempo para receber você em meus braços. Em uma hora de
viagem, acho que tive mais ou menos umas 05 contrações fortes. Chegamos
em SP, e seu pai e a Letícia estavam com muita fome. Eu na verdade
também, porque tínhamos apenas almoçado e mais nada além de chá. Seu
pai quis parar no Mcdonalds (para meu desespero e da Letícia!), mas como
a Priscila já tinha liberado para comer (ela tinha certeza que era
trabalho de parto), fomos lá, encarar o tal do Mc gordura. Pedi um
lanche de frango grelhado, de forma que minha consciência pesasse menos…
mas estava difícil comer com dor.
Terminamos de comer e seguimos direto para a maternidade São Luiz.
Chegamos lá, o carro uma zona, paramos na frente da maternidade e fomos
recebidos pelo porteiro todo engravatado, com rádio. Aquele hospital é o
mundo de caras. Não existe nada parecido aqui em Sorocaba. Pegamos um
carrinho (igual aos de aeroporto) e colocamos todas as malas. Foi quando
tive uma contração daquelas. O segurança ficou olhando para mim
espantado. Perguntou se eu queria uma cadeira de rodas, e eu é claro,
disse que não! Tudo o que eu NÃO queria era ficar sentada! Sentada e
deitada a dor era muito pior!
A Leticia me acompanhou até a recepção do hospital, enquanto seu pai
foi levar o carro até o estacionamento. Enquanto esperava a
recepcionista desligar o telefone, enviei torpedo para a Priscila e para
a GO informando que já havíamos chegado. A GO respondeu, dizendo para
abrirmos uma ficha que a enfermeira ligaria para ela. Isso era um pouco
mais de 22 hs. Assim que terminamos a admissão, a enfermeira nos
encaminhou para uma sala para fazer o exame admissional.
Mandou que eu tirasse a roupa, e colocou um cardiotoco. Eu disse que
não queria o exame de toque, que esperaria pela médica para fazer. Ela
ligou para a GO, que pediu que fizessem o toque. Já não gostei do
procedimento aí, mas não estava afim de ficar brigando. Durante o
cardiotoco tive duas contrações bem fortes e outras mais fracas,
irregulares. A Priscila e o seu pai também chegaram e acompanharam o
exame. Após terminar o cardiotoco, a enfermeira fez o toque, constatou 3
cm de dilatação, colo médio e anterior. Já tinha melhorado – em casa
estava com 1 cm de dilatação, colo grosso e anterior. Sinal que as
contrações estavam surtindo efeito sobre o colo. Nesta altura eu já
estava perdendo bastante líquido bastante tampão e um pouco de sangue.
Priscila e Leticia saíram da sala e o seu pai ficou comigo para
respondermos o questionário. Resolvi omitir algumas informações de forma
que a GO se sentisse menos desconfortável com a situação. Omiti as 30
horas de bolsa rota, omiti 1 cesárea e omiti a diabete gestacional. A
única que tinha que saber de tudo isso era GO, que seria a responsável
pela minha internação e pronto. Essas informações não iam ajudar em nada
se eu colocasse na ficha de admissão do hospital.
Saímos da sala de exames e ficamos na recepção luxuosa do São Luiz
esperando pela sala de Delivery (sala de parto natural). A cada
contração eu agachava na recepção e rebolava. Acho que o pessoal que
estava lá deve ter achado que eu havia fugido do hospício… Mas eu não
estava nem aí… Estava feliz por estar entrando em TP, embora ainda
irregular.
A Leticia então sugeriu que fossemos caminhar, e a Priscila mostrou
onde havia uma mega escada. Fomos até a escadaria, e subimos até o
quinto andar, de 2 em 2 degraus. A cada 5 minutos vinha uma contração
pior que a outra e eu agachava em cada uma das contrações e rebolava.
Segurava no corrimão da escada e agachava até a contração parar. A
Letícia fazia massagem na minha lombar até melhorar a dor da contração.
Descemos os 5 andares novamente, fui ao banheiro um pouco de sangue vivo
apareceu no absorvente. Bebi um pouco d’água, prendi o cabelo e
descansei uns 10 minutos antes de começar a peregrinar pelas escadarias
do São Luiz novamente. Repetimos esse processo mais duas vezes, sob os
olhares curiosos e porque não dizer, contestadores da ascensorista e do
segurança. Comecei a ficar impaciente, com vontade de arrancar a roupa, e
a gente ali na recepção do São Luiz. Demorou demais para liberarem a
sala do Delivery, quando finalmente veio a noticia, comemoramos. Junto
com a liberação da sala, chegou a Eneida. A Eneida é uma acupunturista
maravilhosa que trabalha com os médicos humanizados em SP. Acho que a GO
havia ligado para ela ir para lá.
Claro que eu e a Letícia fomos para a LDR (labor delivery room) de
escadas. Entramos na LDR por volta de meia noite. A Eneida começou a
“medir” a energia do lugar e usar umas sementes de Aguaí para equilibrar
pontos desfavoráveis… Acho que foi isso… a partir daqui não tenho muita
certeza da ordem cronológica dos acontecimentos e para ser sincera, nem
dos acontecimentos. Fiquei “bem” impressionada com a sala. Tinha lido
diversos relatos de mulheres que ao chegar no hospital acabam travando.
Comigo foi exatamente o oposto. Estava em um ambiente que eu não
conhecia ninguém, que podia gritar, fazer o que quisesse que ninguém
viria bater na minha porta para perguntar o que estava acontecendo. Pela
primeira vez, agradeci ao seu pai por não ter apoiado o parto
domiciliar. O condomínio onde moramos é muito legal, mas é pequeno e
todo mundo acaba se metendo onde não deve. Lá no hospital, me senti mais
a vontade.
Uma enfermeira veio nos receber, colocou uma pulseira amarela no meu
pulso (até agora não sei pra que serve) e logo tratou de me colocar no
cardiotoco. Lembro que pedi para a Leticia fazer o chá de framboesa da
Raquel, e para isso precisávamos de água quente. A Priscila pediu e logo
veio uma bandeja com água mineral e duas garrafas de água quente para
fazer o chá
.
O cardiotoco deu tudo OK, então a Eneida começou a fazer a aplicação
das agulhas. Não sei onde estavam todos, sei que fiquei por uma hora na
sala só com a Eneida. Ela trabalhou todas as cicatrizes. Disse que era
importante restabelecer o fluxo de energia que normalmente com uma
cicatriz fica prejudicado. Impressionante que as contrações começaram a
vir ritmadas de 5 em 5 minutos… e como eram fortes… Era mais ou menos 1
da manhã. Eu estava deitada recebendo a acupuntura, e era muito difícil
ficar deitada. Ela também ministrou alguns florais… Até que as pessoas
começaram a surgir… Leticia e Priscila chegaram paramentadas, trouxeram
chá, biscoito e maçã eu acho. Mas eu não conseguia comer nada… só bebia
muita água. A Eneida tirou as agulhas, devia ser umas 2 horas da manhã…
acho que as contrações estavam acontecendo a cada 4 minutos, não tenho
certeza, mas eu lembro que a dor era imensa. Eu não conseguia ficar
parada. Cada vez que vinha uma contração eu rebolava, dançava… estava
muito frio naquela madrugada. Lembro que a Leticia ligou o aquecedor
perto da mesa de exame do bebê recém-nascido. Eu me apoiava na prancha
da mesa e rebolava. Não sei como aquela prancha não quebrou.
Eu sempre ouvia a Priscila no telefone com a GO. Sempre contando para
ela o que estava acontecendo. Numa dessas vezes, a GO falou que o
hospital ligava uma câmera que tinha na LDR para caso a paciente
quisesse que a família acompanhasse o trabalho de parto. Eu só ouvia a
Priscila e o seu pai indignados com a informação… Eu não estava nem
ligando. Estava tão absorvida com tudo aquilo que não me importei.
Depois fiquei sabendo que por via das dúvidas, seu pai colocou um pano
na frente da câmera… Hilário, até agora não sei se filmaram ou não. Seu
pai jura que filmaram, uma vez que segundo ele, como eu parecia uma
leoa rugindo, claro que alguém iria querer ver o que estava
acontecendo!
Eu não me lembro de muitas coisas, estava na Partolândia… Mas como a
Leticia tirou algumas fotos e fez alguns vídeos, assistindo vem alguns
flashs na minha mente. Eu lembro que a cada contração, seu pai ou a
Letícia massageavam minha lombar. E eu agradecia por meu corpo por estar
funcionando e respondendo.
Eu chorava e ria ao mesmo tempo. A Priscila me perguntou por que eu estava chorando, se era de dor… e
eu
disse “é de felicidade Pri! Eu estou tendo as contrações”… dizia isso e
chorava, ria e agradecia (olha a foto ao lado! Rindo!!)
Eu sei que me sugeriram o chuveiro e a banheira e eu não quis… tive
medo do trabalho de parto parar por causa da água… mas acho que eu devia
estar com muita dor, pois insistiram demais para eu ir para o chuveiro.
Lembro que fui, tentei ficar na bola embaixo do chuveiro. Sei que o seu
pai acabou me tirando de lá e começaram a falar que eu estava me
queimando de tão quente que estava a água… Briguei com a Priscila e com o
seu Pai, porque eu estava com dor, e eles ficavam me atormentando,
dizendo que eu estava com as costas vermelha e queimada por causa da
água muito quente.
Lembro que saí do chuveiro quente, e parece que as contrações ficaram
piores, mais fortes. Eu fui pra bola suíça e cada vez que vinha uma
contração eu rebolava, freneticamente sobre a bola, até a contração
passar…
Não sei em que momento, a tal pulseira amarela começou a me irritar…
me sentia presa, aquela pulseira me apertando… foi uma sensação
horrível. Pedi desesperadamente para tirarem aquilo do meu pulso. Alguém
arrumou uma tesoura e cortou a pulseira… ufa, que alívio… pareciam que
estavam tirando uma algema de mim… É impressionante, como detalhes tão
pequenos como esta pulseira, interferem no momento do parto. O mesmo
aconteceu com a camisola… Quando cheguei na LDR, a enfermeira veio com
uma sacola do hospital, com duas camisolas dentro. Tentaram me fazer
vestir a roupa do hospital, mas fiquei menos de 5 minutos com ela e já
arranquei… que tecido estranho, áspero.
Com relação à roupa, bom esse é um caso a parte. Como estava frio,
foi um tal de tirar e colocar roupa… uma hora me dava calor eu arrancava
toda a roupa… outra hora me dava frio e eu colocava meu hobbie de malha
velhinho. Teve um momento que a Leticia colocou até uma blusa de lã
sobre mim (sei por que vi o vídeo).
Lembro da Leticia fazendo massagem, pedindo para eu relaxar… mas era
difícil relaxar… cada contração que vinha, parece que meu corpo inteiro
contraía junto… tem algumas coisas que não dá para controlar…. Lembro
que quando eu estava sobre a bola, cansada, exausta, o seu pai sentou na
poltrona atrás de mim. Quando a contração passava eu me jogava para
trás no colo dele ainda sobre a bola… cochilava durante uns dois minutos
e depois vinha uma nova contração. Acho que ficamos assim, tentando
descansar por uma hora.
A dor estava cada vez mais forte, e a Priscila sugeriu a banheira
novamente. Eu não sei exatamente em que momento, mas eu sentia vontade
de ir ao banheiro e não saía nada… a Pri dizia que era você, descendo e
fazendo pressão… mas eu tinha certeza que era vontade de evacuar.
De repente me deu uma vontade louca de vomitar. Vomitei muita água, acho que toda a água que eu tinha bebido até ali.
Seu pai me ajudou a entrar na banheira, como foi difícil entrar… eu
já estava com dificuldades de fazer certos movimentos pelo cansaço. A
banheira era alta, e não tinha onde me apoiar para entrar.
Estava num estado que parecia de transe. Eu me deixava levar, tinha
noção do que estava acontecendo, mas não conseguia ter ação sobre nada.
Lembro que entrei na banheira e fiquei por lá durante umas 4 contrações…
parece que as contrações deram uma espaçada, não sei quanto tempo durou
a imersão na água quentinha. Santa banheira… consegui relaxar por um
tempo. Depois não conseguia mais ficar, a dor era muito forte eu
precisava me mexer, era como se eu me mexendo a dor fosse embora mais
rápido.
Quando saí da banheira, a Priscila e a Leticia me fizeram agachar em
cada contração…. eu estava exausta, parecia impossível ficar agachando.
Mas eu agachava, eu sabia que isso te traria mais rápido para meus
braços. Eu agachava e rebolava agachava, pulava agachada, é até estranho
assistir aos vídeos… com certeza eu estava na Partolândia em transe…
E a música que estava tocando no aparelho de CD colaborava totalmente
para um transe… Parecia uma música indiana, música de ritual ou algo
assim. Colocaram também uma essência não sei se era de calêndula, mas
deixou um cheiro muito bom, um cheiro de natureza na sala… Tiveram
alguns momentos que chamei pela sua avó Sueli…. Pedi que ela me
ajudasse, que me desse forças. Agradeci novamente por tudo o que meu
corpo estava passando. É algo tão intenso, que fica impossível
descrever. Só quem já passou pode entender.
Nos momentos em que a dor era tão forte, a Pri dizia: “Gi,’ uma a
menos! Coragem!”… e eu pensava “cheguei até aqui, nada me fará
desisitr!”. Eu consegui…. falta tão pouco agora! Vem Catharina, vem
filha…. ajuda a mamãe…. falta muito pouco”, era só isso o que eu
pensava, e acho que dizia também.
Sei que teve um momento que a Pri quis me examinar. Acho que a GO
pediu, pois ela quis porque quis ver a dilatação. A todo o momento ela
ouvia o seu coraçãozinho e tranqüilizava seu pai. Acho que devia ser
umas 05 da manhã e veio a melhor noticia da madrugada inteira: 08 cm de
dilatação. Quando a Pri disse: 08 cm!, parece que o mundo parou…. quase
não acreditei! Faltava tão pouco!!! Aquilo me deu um gás novo. Cada vez
que a Pri ouvia o coração, a posição que ela colocava o sonar estava
mais e mais baixa… Você estava descendo… e cada minuto que passava era
um minuto a menos para te receber em meus braços… entre uma contração e
outra, que já estavam quase emendadas, eu tentava descansar, respirar e
relaxar.
Sei que fui novamente ao chuveiro. Pedi para seu pai entrar comigo.
Não sei exatamente que horas foi isso, mas ele entrou no chuveiro
comigo, fez massagem na lombar a cada contração.
Quando saí do chuveiro, fui direto para a bola… estava tão cansada
que não conseguia mais agachar a cada contração… também, acho que nessa
altura nem precisava mais… acho que você já tinha descido tudo. Sentei
nua, no banquinho de parto que estava posicionado em frente à cama, onde
antes estava a bola, e debrucei sobre a cama, tentando descansar…
Era pouco mais de 6 horas da manhã quando a GO chegou. Pintou um
clima meio estranho de início, mas ela foi super carinhosa e atenciosa e
quebrou esse clima. Eu lembro dela dizendo para eu relaxar durante as
contrações, fez carinho em mim. Acho que nessa hora foi a hora em que as
contrações estavam praticamente grudadas uma na outra. Muita dor. O
problema foi que ela quis fazer um novo cardiotoco para ver como você
estava, e era I-M-P-O-S-S-I-V-E-L ficar com aquele troço apertando a
barriga… era tão difícil, que o aparelho não conseguia manter o foco
para registrar os seus batimentos cardíacos. Mesmo assim eu deixei.
Deixei porque tudo que fosse importante para garantir o seu bem estar,
eu estava encarando.
Acho que foi por volta de umas 6:20 ou 6:30, a GO sugeriu que eu
sentasse na banqueta de parto para que ela pudesse me examinar, para ver
com quanto de dilatação eu estava.
Eu estava sentindo os primeiros puxos, não conseguia mais ficar sobre
a bola… a cada contração eu tinha que levantar da bola e apoiava no
joelho do seu pai, que permanecia sentado atrás de mim me dando o apoio,
massageando, dizendo palavras para me fortalecer. Ele o tempo todo me
lembrava que era isso o que eu queria, e que agora faltava muito pouco
para termos você em nossos braços.
Então, a Priscila e a Leticia posicionaram a banqueta de parto e uma
escadinha atrás dela para seu pai ficar e eu recostar nele. Sentia uma
vontade imensa de evacuar, e a GO e a Priscila diziam que era você quem
estava fazendo pressão e por isso eu sentia aquela vontade. Mas na
verdade, eu realmente precisava evacuar. E elas disseram para eu fazer o
que eu precisasse fazer, pois a força para evacuar ajudaria você a
descer.
Quando a GO fez o toque, disse que já estava sentindo sua cabecinha.
Eu mal acreditei! Mas eu podia sentir o toque muito raso, quase fora da
vagina! Perguntei para elas se era verdade, se elas não estavam dizendo
isso apenas para me animar. A GO disse: “Coloque a mão. Você vai sentir o
cabelinho dela!”. A emoção de colocar a mão e sentir sua cabecinha,
acariciar seu cabelinho eu não consigo descrever. Foi seu primeiro
“cafuné”. Foi a maior emoção que eu senti. Eu já estava no final do
expulsivo! Então a Priscila disse para a GO “A Gisele disse o trabalho
de parto inteiro que queria que eu aparasse a bebê!”. A GO saiu, a
Priscila assumiu a posição, sentou na minha frente com as pernas
cruzadas. Colocou o espelho na frente dela, colocou meus pés sobre os
joelhos dela, mandou que eu segurasse na banqueta de parto e que fizesse
força para baixo, quando a contração viesse. Seu pai, atrás de mim, com
os braços passando por baixo das minhas axilas, me suportando e
apoiando o tempo todo! Só que eu não sei porque, acho que era o êxtase
do momento, mas eu já não sentia mais as contrações… não sentia mais
dores. Tive que me concentrar, e quando veio algo parecido com uma
contração, enchi o peito de ar e empurrei. Empurrei para baixo, com toda
a força que eu tinha… mas eu estava muito cansada! A Pri e a GO me
incentivaram: “Isso Gi, está fazendo certinho. Continua, coragem!” –
Mais uma contração e consegui ver sua cabecinha coroando pelo espelho.
Então a Pri disse para eu segurar, ir devagar. “Respira Gi, não faça a
força agora. Respira”. Senti o circulo de fogo, que tinha lido em tantos
relatos. É uma sensação muito diferente de tudo! Queima, arde e ao
mesmo tempo era tão gostoso sentir que você estava chegando! Foi muito
rápido… veio outra contração, a Priscila dizendo para eu empurrar, fazer
força junto com a contração…. uma força bem longa, o mais longa que eu
conseguisse…. e eu consegui. Segurei nas mãos do seu pai (isso eu sei
por que tem o vídeo), e fiz toda a força do mundo. Urrei para tentar não
fazer a força na garganta, para soltar a musculatura e direcionar a
força para o períneo. Fiz uma força longa e sua cabeça saiu. Senti sua
cabecinha saindo, depois senti um ombro e depois o outro…. e você
escorregou inteira para as mãos da Pri.
Só vi quando você escorregou porque, durante a força, eu fechei os
olhos e me concentrei em fazer a melhor força que eu podia. Vi você toda
gordinha, redondinha, nos braços da Pri e te peguei. Peguei você com
aquele cheirinho gostoso de parto, um cheiro que eu já estava sentindo
há dois dias… tão macia, tão gostosa… Tão grande e ao mesmo tempo tão
pequena… A Pri exclamou “Nossa que meninona! Deve pesar uns 4 kg!!!”
Seu pai, não disse nada. Apenas chorou. A Leticia me deu uns panos
para te aquecer, e eu fiquei ali, sentada, exausta, feliz, te segurando e
olhando nos seus olhinhos… e você olhava nos meus olhos… Foi um momento
só nosso, parecia que ninguém mais além de nós 3 estava ali. Parece que
o ambiente ficou sem som, estávamos numa bolha, eu, você e seu pai.
Você nem chorou. Ficou ali, calminha. Coloquei você no peito, mas você
só deu uns beijinhos, umas lambidinhas… Ficou ali, sentindo o cheirinho
da mamãe.
Quando o cordão parou de pulsar, a Pri falou: “olha Gi, pega o
cordão. Já parou de pulsar, viu?” – então pegou a tesoura, entregou para
o seu pai, e explicou para ele como ele tinha que fazer para cortar o
cordão. Seu pai cortou o cordão todo orgulhoso e feliz! (infelizmente só
temos o vídeo, não temos fotos).
Quando me dei conta, haviam duas pediatras na sala… acho que já
deviam estar lá mas eu não as tinha visto. Estavam esperando
pacientemente eu te entregar para elas realizarem os procedimentos. A
pediatra que a GO tinha chamado, estava presa no congestionamento de São
Paulo, então chamaram as pediatras de plantão mesmo. Eu disse que não
queria nenhuma intervenção em você, que não queria Vitamina K injetável,
que não queria colírio de nitrato de prata. Elas respeitaram, apenas
ouviram seu coraçãozinho e te pesaram.
Lembro de ter perguntado seu Apgar, e uma delas respondeu: “Eu não
sei. Mas quando cheguei me disseram que foi 09 e 10”. Acho que ela não
gostou muito de ter sido chamada depois que você tinha nascido. Seu pai
acompanhou todo o exame que fizeram em você. Você pesou nada menos do
que 3,900 kg! Uma meninona! Depois que te examinaram você ficou
aconchegada e quentinha no colinho do papai enquanto a Priscila e a GO
cuidavam da mamãe.

Enquanto você estava sendo cuidada, a Priscila me transferiu para a cama, para ver se havia alguma laceração no períneo.
Fui para a cama, colocaram aqueles apoios de pernas e fiquei lá, na posição mais gostosa do mundo (risos).
A Priscila ainda falou: Que beleza esse suporte! Suturar períneo em parto domiciliar ninguém merece!
Então disse que eu tive umas laceraçõezinhas bem pequenas, que meu
períneo era ótimo e que ela só ia suturar por causa da forma que
lacerou, não pelo tamanho da laceração. Assim pelo menos não iria arder
para fazer xixi (essa Priscila! Risos)
Você veio novamente para meu colo, e ficamos ali namorando…
Primeiro esperaram a expulsão da placenta, e verificaram que a placenta estava inteirinha.
Pedi para guardar a placenta e a enfermeira que estava na sala disse
que ia pegar o saquinho de placenta. Eu achei que era a única maluca que
pedia para levar a placenta embora, mas ela disse que não, e que
justamente por isso, existiam as tais embalagens. A placenta está
congelada, pois vamos plantar uma árvore em um lugar bem bacana, e
enterrar a placenta no pé da árvore. Ela que nutriu você por nove meses,
agora servirá de adubo para uma árvore. Queremos fazer isso com a
presença dos amigos queridos e das pessoas que acompanharam toda essa
história!
Tive uma sensação muito ruim logo depois que a Pri terminou de
suturar a laceração do períneo… Deve ter sido apenas o cansaço, mas eu
tinha a nítida impressão que ia desmaiar. Conseguia ouvir tudo o que
falavam, mas não conseguia nem falar nem abrir os olhos. Minha pressão
estava baixa, talvez pelo cansaço, falta de alimentação e pelo sangue
que perdi. Mas a GO logo colocou um soro com alguma coisa e eu melhorei.
Assim que melhorei já quis sentar, e pegar você para amamentá-la. Você
também precisava repor as energias!!! Nós duas (aliás, todos ali)
estávamos exaustas. Você mamou como quem já sabia mamar… mamou com
gosto… e eu tinha bastante colostro para te dar.
Chegou o meu café da manhã hiper reforçado. Que delícia poder comer
muuuuuuito depois de toda aquela energia gasta! Então, depois que você
acabou de mamar, eu tomei um super café da manhã, a Pri e a Leticia
também foram tomar o café delas e o seu pai ficou ali comigo. Acho que
ele só foi comer depois.
Devia ser quase 10 horas, quando a Neo Ana Paula Caldas chegou. Ela
disse que tinha saído de um parto era de madrugada, e ficou esperando a
GO ligar. Quando a GO ligou, ela saiu, mas teve a falta de sorte de
pegar um super congestionamento na Bandeirantes.
Chegou, deu uma olhadinha em você, nos tranqüilizou, disse que você
não tinha nenhuma característica de bebê de mãe com diabete gestacional
(exceto o peso, mas como seus irmãos também nasceram grandes, essa
hipótese estava descartada). Seu capurro foi de 39 + 2. Então,
carinhosamente, ela colocou uma roupinha em você, de forma a evitar os
procedimentos do berçário central. Ah.. o berçário central do São Luiz… É
tudo lindo, perfeito, mas eu não queria que te levassem para lá….
Infelizmente nem todas as regras e protocolos são possíveis de serem
quebrados… e esse, acho que foi o único que eu não consegui burlar.
Então, depois que a Ana Paula te examinou e te trocou, prescreveu
alojamento conjunto, nada de intervenções no berçário central, e retorno
à mãe o quanto antes para amamentação. Retirou a prescrição da pediatra
de plantão para fazer o acompanhamento da glicemia (procedimento de
rotina da maternidade, para bebês que nascem acima de 3,700), graças a
Deus! Imagina, ficarem te furando de hora em hora?
Fomos para o quarto, para almoçar e aguardar sua chegada. Passei o
dia bastante cansada, mal conseguia dar 3 passos, que ficava muuuuito
cansada. Achei que fosse pelas 2 noites sem dormir e por toda energia
desprendida no trabalho de parto. Mas fiquei sabendo depois que estava
com anemia, e por isso o cansaço.
Coloquei uma nota na lista Parto Nosso (via celular), dizendo que
você tinha nascido de parto natural, e que estávamos bem. Disse que a
Priscila e a Leticia me acompanharam o tempo todo e que a GO chegou
apenas para o expulsivo. Para que eu fui fazer isso? A GO me ligou no
inicio da noite, dizendo que estava magoadíssima com aquela nota, pois
tudo que ela fez ou falou foi por preocupação. Que desde o inicio ela
torceu muito para que eu tivesse o parto do jeito que eu queria. E pediu
desculpas se ela não tinha acompanhado o trabalho de parto, mas que ela
estava descansando para poder acompanhar o trabalho de parto durante o
dia. Enfim, desligou dizendo que estava transferindo meu caso para o
plantonista do hospital, e que dali para frente eu seria acompanhada por
ele. Que a minha alta também seria dada pelo plantonista, e que eu não
precisaria pagar nada para ela. Eu não ia colocar nada disso aqui, mas
choquei. Hoje passados dez dias de tudo isso, entendo a posição dela,
embora ainda não concorde com a conduta. Principalmente porque eu estou
com uma anemia considerável que precisa de acompanhamento. Porque hoje
sei que embora as coisas não tenham saído da forma como eu gostaria, ela
foi a GO quem eu escolhi para me acompanhar, e sei também que devido a
todos os fatores de riscos associados, talvez nenhum outro GO tivesse
esperado tanto para que eu entrasse em trabalho de parto. Meu desejo
sincero, é que um dia possamos aparar as arestas que ficaram, pois
tenho certeza que assim como eu, ela também aprendeu muito com toda essa
história.
E aqui, Catharina, começa a sua história fora da barriga. Uma
história linda que vamos escrever juntas. Talvez seja o fim da “História
da Barriga”, mas é a história que temos obrigação de divulgar para o
mundo. Divulgar que nós mulheres podemos parir, independente do que nos
digam. Basta querermos. Precisamos divulgar para o mundo que existem
profissionais humanizados, comprometidos com a causa da humanização do
parto e do nascimento. Que existem milhões de possibilidades além
daquelas que nos são apresentadas, às vezes por medo, por excesso de
cuidado. Muitas vezes por comodismo ou apenas por ignorar os fatos e
dados mais recentes.
Aqui começa uma nova história. A história da mamãe Gisele, mamífera,
mulher, nova mãe. Nova porque vivenciou no seu parto, o parto roubado
dos seus irmãos. Nova mulher, porque hoje entende a magnitude de seu
próprio corpo. E nova mamífera, porque só o parto natural despertou em
mim esse poder maravilhoso de ser mamífera, fêmea.
Hoje, eu sou Mulher, Mãe, Mamífera
Busquei e gestei o sonho de parir
Gestei e consegui parir
Mesmo contra todas as indicações, mesmo contra todos os protocolos que quebrei…
Pari em mim segurança, confiança e força
Pari e renasci uma nova mulher
Pari Catharina, que de casta e pura além do nome, traz a pureza da
confiança que tenho na natureza feminina, no meu corpo, tão
perfeitamente projetado por Deus para fazer o corpo feminino, a mulher
trazer vida à Terra.
Gisele Leal
36 anos, 3 filhos, gestando o bb4, biologa, doula, estudante de obstetricia e ativista pela humanizacao do parto e nascimento(www.vilamamifera.com/mulheresempoderadas).

O trabalho Relato de VBA2C: Nasce Catharina de Gisele Leal foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
Este
texto possui uma licença Creative Commons BY-NC-SA 3.0. Você pode
copiar e redistribuir este texto na rede. Porém, pedimos que o nome da
autora e o link para o post original sejam informados claramente.
Disseminar informação na internet também significa informar a seus
leitores quem a produziu.













Nossa...q relato.
ResponderExcluirQ força tem essa mulher. Que emoção foi esse TP...
Amooooo relatos de parto, Mas relatos de vbac...ah esses sempre me encantam.
Que relato maravilhoso! Se eu já estava louca por um VBAC antes, depois desse relato estou ainda mais! Ganhei mais forças pra não desistir e não desesperar quando esse dia chegar!
ResponderExcluirMaravilhoso relato! Perfeito! Que delícia ler estes relatos de VBAC, como eles curam as cicatrizes deixadas pelo parto roubado.
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