Lembra que eu falei que a gente ia encontrar a Larissa Moris Hernandes, que
abriu o Projeto 31 em 31 de novo? Pois é, é ela quem fecha o projeto,
com o relato bárbaro do seu 2VBA3C, que foi domiciliar e desassistido.
Lindo demais!!
A GRAVIDEZ
Eu tinha certeza de que se um dia engravidasse de novo,
seria uma menina. Era uma certeza
absoluta. De repente esse desejo de
engravidar de novo veio forte, avassalador.
Não era uma opção, não era questão de querer ter mais um filho. Era quase uma imposição, um pedido para
vir. E um dia eu disse “pode vir” e
veio.
Descobri que estava grávida com 3 semanas, ou seja, nem
atrasada a menstruação estava. Eu só
tinha a certeza absoluta de que estava grávida!
Fui ao shopping resolver algumas coisas e comprei um teste de farmácia
que fiz lá mesmo. Na hora, quando o xixi
começa a subir pelo teste, só vi uma listrinha.
Joguei o teste fora, mas lembrei que a leitura deve ser feita em 5
minutos. Peguei de volta e guardei na
bolsa. Quando fui entrar no carro olhei
de novo e lá estavam duas listrinhas: uma forte e a outra beeeem
fraquinha. Mas estava lá e não podia
negar isso. Fiz as contas e achei que
seria melhor não comemorar, pois era muito cedo! Com 4 semanas eu fiz o exame de sangue! Positivo sim!
Juro que tem mais uma listrinha aqui!
Pirei, claro! 4
filhos não é moleza! E 4 filhos agitados
com uma mãe grávida não era brincadeira!
Acho que nas gestações eu fico meio bipolar rsrs Nas primeiras semanas eu fico extremamente
deprimida. Acho que foi assim nas 3
últimas gestações. Me sinto culpada por
ter engravidado, me sinto infeliz, não consigo curtir o início da
gestação! E assim foi nessa gestação
também. Fiquei triste, infeliz. Escondi de todos os parentes que eu estava
grávida. Só fui contar quando já estava
com 14 semanas! Enfim chegou o segundo
trimestre e eu deixei a depressão de lado e tudo ficou ótimo. Ou mais ou menos ótimo... Lembram da grávida bipolar? Então...
eu ia da alegria à irritação em segundos! Da tranquilidade à loucura era questão de um
estalar de dedos! Da mãe calma e
sorridente à mãe louca e escandalosa em questão de um segundo! E eu sabia que isso ia durar a gestação
toda! Hormônios...
Porém em relação ao resto da gravidez, tudo foi normal. Não tive nada
que fugisse à normalidade. Não inchei, não engordei de mais, não fiquei
doente nenhuma vez. Fui à faculdade, fiz
provas, fiz tudo o que tinha que fazer normalmente. Limpei a casa,
lavava o carro, o quintal... Tive aquela ansiedade básica de fim de
gravidez, mas tudo normal! Acho que, no
geral, foi uma gravidez boa!
Ah! E nessa gravidez
eu escolhi não saber o sexo do BB. Claro
que a expectativa era para que fosse uma menina, mas eu não queria saber o que
era o BB que estava aqui dentro. O meu
desejo era parir, pegar meu BB sozinha e olhar o que era.
A BUSCA PELO PARTO
Diferente da busca pelo parto do Francisco, a busca por esse
parto foi muito mais fácil. Antes mesmo
de engravidar eu comecei a pensar em quem poderia me atender aqui na
Bahia. Cheguei em dois nomes: Marilena
(GO) e o nome de uma EO. Claro que
engravidei antes de contatar qualquer uma das duas. Era muito estranho para mim procurar
acompanhamento sem estar grávida e sem estar planejando de fato uma gravidez ;)
Assim que soube com certeza que estava grávida comecei a
pensar em procurar alguém. Deixei uma
mensagem no facebook da Marilena. Não
custava nada, né? E em uma conversa tbm
no face, soube que tinha uma enfermeira aqui na cidade que tinha se oferecido
para atender um PD em uma cidade aqui perto.
Consegui o telefone dela e com 9 semanas liguei para ela. Conversa estranha... Ela disse que iria pensar, conversar com os
colegas dela e que depois me ligaria. Eu
não disse que seria um 2VBA3C. ela pediu
que eu enviasse um sms com meu email para ela me adicionar no face. No meio da conversa ela disse que atualmente
só estava atendendo parto agendado em uma maternidade aqui da cidade. Oi?
Parto agendado? Estranho... Enfim, ela nunca me ligou de novo, nem me
adicionou no face nem nada!
Nesse meio tempo eu não conseguia fazer o pré-natal aqui,
pois meu convênio deixou de ser atendido na cidade toda. Eu estava sem GO meia boca para acompanhar um
pré natal basicão, sem ninguém em vista para me acompanhar no parto, sem
nada! A única coisa que eu tinha era a
certeza de que eu teria meu parto domiciliar de qualquer jeito que fosse. Como eu sempre brincava: contigo ou sem tigo,
mas comigo! Nessa brincadeira eu cheguei
a falar pela primeira vez em ter um desassistido, pois para mim era impensável
mentir novamente ou, pior, ter uma cesárea por falta de opção.O Rafael chegou a falar para pesquisar sobre
desassistido. Mas tbm insistia o tempo
todo para que eu ligasse para a Marilena.
Eu ficava sem graça de ligar, afinal eu tinha deixado uma mensagem no
face e ela não tinha respondido, então ela não deveria querer acompanhar um
2VBA3C...
Seguindo o que o Rafael tinha falado e o meu desejo interno,
eu comecei a pesquisar sobre parto desassistido. Sites, blogs, grupos no face. A maioria eram em inglês, mas mesmo assim eu
lia, relia. Procurava vídeos no youtube que
mostrassem partos desassistidos e cada vez eu via que era isso que queria. Porém eu não queria ficar sem assistência no
pós parto e isso é o que me fazia não assumir um desassistido. O que mais me preocupava no pós parto era
laceração. E se eu lacerasse como no
parto do Francisco?
E então um dia eu entrei no face e tinha uma mensagem. Cliquei e era da Marilena: ela me passou o
celular dela e pediu que eu ligasse. Se
desculpou por ter demorado para responder!
Nossa! Se ela pediu que eu
ligasse, era pq ela não me descartava por ter 3 cesáreas! Liguei.
Eu suava frio! Na primeira vez
que liguei ela não pode me atender e pediu que eu ligasse mais tarde. Quando fui ligar de novo eu suava e
tremia! Falei com ela, expliquei que eu
tinha 3 cesáreas e que meu último filho tinha sido parido naturalmente. Que eu estava grávida e queria parir de novo.
Perguntei se ela me acompanhava. E ela
disse que sim, que era para marcar uma consulta! Quase gritei no telefone! Marquei a consulta para dali uns 20
dias! Mas eu estava feliz! Só tinha um porém: eu não tinha falado em ser
domiciliar! E eu não abria mão de ser
domiciliar!
O dia da consulta chegou e adorei a Marilena de cara! Ela ouviu como foi meu parto, e super
tranquila me aceitou, claro! E então,
depois de quase toda a consulta eu pergunto: e se eu quiser um PD, vc
acompanha? Ela perguntou se eu não teria
ninguém em Salvador, que eu pudesse ter na casa dessa pessoa. Ah!!!
Ela não descarta PD, mas a questão passou a ser a distância! Ela prometeu que pensaria no meu caso com
carinho e me daria a resposta no mês seguinte.
Mês tenso. Eu tinha
quem topava me atender, mas não sabia se ela toparia viajar para Feira. Mês seguinte ela disse: sim! Nossa!
Quase gritei de novo! Eu teria
meu PD. Meu bbzinho surpresa nasceria em
casa, na sua casa, com seus irmãos em volta!
Enquanto a gravidez avançava eu me preparava para meu
parto. Medos que não tive da outra vez
surgiram dessa vez. E se o bbzinho ficar
pélvico? E se ele resolver ficar
transverso? E se ele resolver nascer antes? E se na hora do parto a posição dele não for
boa? E se eu não conseguir parir e tiver
que ir para um hospital? E se... e se... DE NOVO, NÃO!!!! Tantos “e se...” rondaram minha cabeça na
outra gestação. Pq nessa eles teriam que
aparecer de novo?
Bom, percebi bbzinho pélvico com 33 semanas e depois nunca
mais ele sentou! UFA! Ele adorava ficar com o dorso à direita,
igual o Francisco, que acabou nascendo olhando para cima, pq não completou o
tal giro. Será que meu bbzinho surpresa
ia querer nascer igual ao irmão? O tempo foi passando e eu fui imaginando com
seria o meu parto. Imaginando não! Algumas coisas eram certezas para mim:
- eu ia parir de madrugada;
- entraria em TP usando um pijama do Tico e Teco
- na minha cama estaria um lençol lilás
- meu TP seria tão rápido que eu ia parir sozinha e a equipe
chegaria depois!
Eram certezas que eu tinha e a única que eu tinha certeza de
que eu precisava trabalhar na minha cabeça era a certeza de um parto rápido,
pois se demorasse eu poderia me desesperar!
Mas era uma certeza tão certa que eu não conseguia imaginar um TP longo.
O PLANO DE PARTO
O plano de parto eu fiz logo que soube que estava
grávida! Dessa vez eu teria um plano de
parto, pq meu parto seria O Parto. Meu
plano de parto incluía instruções para a Luiza (cuidar dos meninos, almoço,
banho etc), instruções para o Rafa (limpar os banheiros – detesto banheiro
sujo, desligar telefone, desligar campainha, inflar e encher a piscina, ficar
do meu lado) e instruções para a equipe (mínimo de exames de toque e auscuta
fetal, me deixar sozinha a maior parte do tempo, deixar meu bb sair
naturalmente de mim, sem puxar nem aparar períneo, deixar que eu pegue o BB,
deixar que eu veja o sexo do BB e deixar o BB o máximo de tempo comigo.).
Meu plano de parto deixava bem claro que eu queria parir
sozinha. Não foi intencional. Não mesmo.
Mas no parto do Francisco eu fiquei sozinha com o Rafa a maior parte do
tempo, o que me fez muito bem. Eu queria
essa experiência novamente, de ficar sozinha com o Rafa, mas dessa vez em um
momento gostoso, de tranquilidade, pois no parto do Francisco estávamos
tensos. Eu não conseguia me ver parindo
com várias pessoas junto de mim dessa vez.
O único apoio que eu conseguia ver, era do Rafa e de mais ninguém. Enfim, eu idealizei um parto desassistido,
mas sem perceber isso.
Porém quanto mais perto do parto ficava, maior a certeza de
que eu ia parir sozinha. Assim como eu
tinha certeza da roupa que eu estaria usando, da hora que eu ia parir e de que
o meu TP seria rápido, eu tinha certeza absoluta de que eu ia parir
sozinha! E isso era tão certo, mas tão
certo que nem eu entendia o pq de tanta certeza. Eu só falava para o Rafa que não ia dar tempo
de ninguém chegar.
Minha única preocupação com essa certeza é que eu não queria
me sabotar. Como assim? Eu não queria demorar para ligar para a
Marilena. Eu não me sentia a vontade em
pensar em ligar com um TP avançado. Não
era isso que eu queria e eu tinha medo de que na hora P eu não quisesse ligar
para ela. Coloquei na minha cabeça de
que eu ligaria assim que identificasse o TP e ponto final.
A VIAGEM
Tudo certo quanto ao parto, tudo idealizado, tudo planejado,
desejado e sonhado milhares de vezes.
Tudo lindo!
Mas eis que surge a viagem.
Rafael tinha um curso em SP nos dias 29 e 30 de outubro! Entrei em pânico! Não demonstrei para ele, mas entrei em
pânico! Eu mal podia pensar nessa viagem
que eu tinha vontade de gritar e sair correndo!
Mas a notícia pior ainda estava por vir!
A data da viagem! Passagem
marcada para o dia 27 de madrugada com a volta para o dia 31 de noite! PQP!!!
Eu não ia poder parir por 5 dias! Bem quando eu completaria 39 semanas de
gestação! E isso pq eu ainda nem falei
que era bem nesses dias que a lua mudaria para lua cheia! A lua do nosso BB! Entrei em pânico de novo.
37 semanas e eu queria parir de qualquer jeito! Eu tinha 2 semanas para parir antes do Rafael
viajar! E depois eu só poderia parir
depois que ele voltasse! Como se segura
um BB lá dentro? Se tem os hots, teria
tbm o contrário? Eu precisava parir e
comecei a ficar louca para entrar em TP logo.
PRÓDOMOS + O QUÊ FALTA AINDA?
37 semanas e 2 dias (sexta-feira) e eu sinto contrações o
dia todo! Contrações efetivas, nada de
contrações de treino. Contrações totalmente
suportáveis, porém contrações de verdade!
Achei que entraria em TP de madrugada, afinal o lençol era lilás, o
pijama era o do Tico e Teco... Porém
tudo passou e não senti mais nada até segunda feira depois do almoço, quando as
contrações voltaram um pouco mais fortes do que na sexta. De noite ainda fui ao mercado e comentei com
o Rafa que eu gostava de ir ao mercado em TP (pq no dia que entrei em TP do
Francisco eu fui ao mercado tbm!).
Contrações fortes que me faziam parar de andar quando vinham! Porém, mais uma vez, elas pararam.
No domingo eu havia feito um toque em mim e encontrei a
cabecinha do BB, já encaixada! Que
emoção! Senti que o BB estava perto,
então na segunda, quando tive contrações eu imaginei que fosse parir! Mas como tudo parou eu comecei a me
questionar o que estava faltando para eu parir.
Pq meu corpo não estava seguindo em frente e deixando as coisas
acontecerem.
Acho que a chave de tudo estava na viagem. Aquela viagem do Rafael. Eu estava cobrando meu corpo para entrar em
TP logo por causa da viagem. Eu
precisava parir e ao mesmo tempo eu queria respeitar o tempo do BB. Enfim na quarta-feira o Rafa resolveu que não
iria mais viajar! Fiquei leve, fiquei
feliz, dormi a noite toda sem me preocupar!
Agora bbzinho poderia vir no dia que quisesse!
O PARTO
Dizem que toda mulher quando vai parir tem um siricuticu de
arrumar a casa. Eu não tive na gravidez
do Francisco e achei que não teria nessa tbm.
Sexta-feira, 38 semanas e 5 dias, eu resolvo dar banho na
Nita (nossa pequena Rottweler de 5 meses.
Quem conhece essa raça sabe o tamanho de um filhotinho de 5 meses
hahaah). Resolvi lavar a frente da casa
que estava com xixi da Nita, lavei tbm o portão que estava empoeirado, e já que
eu estava com a mão na massa, pq não lavar o carro tbm? Lavei por fora e aspirei por dentro! UFA!!!!
Só fiz tudo isso pq precisava fazer.
Fui dormir moída, quebrada, acabada!
Toda sexta-feira é dia do Henrique dormir no quarto da Luiza
e do Pietro dormir no nosso quarto. Mas
como a Luiza tinha que ir para a escola no sábado, deixamos para sábado a
“troca
de quartos”. Sábado fomos todos para a
escola da Luiza e eu com aquele barrigão imenso! Voltamos e começamos a
limpar a casa. Eu varri e passei pano no meu quarto e na
sala. O resto ficou por conta do Rafa,
Henrique e Luiza. Eu estava quebrada,
cansada e extremamente irritada com o barrigão enorme! Nem sei que
horas fui dormir. Sei que acordei
duas vezes com contrações. Ou achei que
fossem... A dor nas costas era tanta que
poderia ser dor nas costas. Cheguei a
pegar o celular para cronometrar, mas dormi com ele embaixo do
travesseiro.
Nessa noite os meninos estavam em quartos trocados. Francisco não gosta de dormir na mesma cama
que o Pietro e é preciso colocar o Pi nos pés da cama. 5:35 Francisco acorda
pedindo gagau. Fiz o gagau dele e ele
quis dormir na minha cama. Caramba! Pedi para o Rafa colocar ele na cama dele e
acabei brigando com o Rafa (que estava dormindo e não lembra da briga hahaha). Fiquei tão brava, mas tão brava que peguei
meus travesseiros e fui para a sala. Fui
para a cozinha e tomei um leite com chocolate.
Voltei para a sala e entrei no facebook.
Queria ter notícias de Clesia, uma paciente da Marilena tbm que estava
para parir desde sexta! Percebi uma
contração. Percebi outra contração. Depois mais uma! 3 em 10 minutos. Fiz um comentário na minha time line sobre
isso serem pródomos. Senti outra
contração e precisei levantar da cadeira!
Fechei o note e fui para o quarto com meus travasseiros kkkkk
O Francisco estava na minha cama, então peguei o Pietro no colo e coloquei ele no pé da cama. Levei o Francisco para a cama dele e deitei. Mais uma. Outra... Peguei um papel e uma caneta: 6:25. 6:30 mais uma. Levantei e sentei na bola pq deitada não dava para aguentar. Eu achei que elas ainda estavam curtas durando talvez uns 20 segundos e resolvi cronometrar a próxima: 6:38 com duração de 1:15 e beeem intensa! Acho que é TP mesmo, mas quantas histórias eu já havia lido de pródomos tão doloridos e que de repente parava? Acordei o Rafa e preparei ele: “Rafa! Acho melhor vc ir acordando pq parece que é hoje!” Ainda falei para ele que ele poderia encher a piscina e ir para a Igreja com os meninos e me deixar sozinha. Eu achava que estava só no começo e que seria bom eu me concentrar um pouco! Hoje eu dou risada quando penso nisso! Ele disse que levantou da cama 7:12. Realmente a hora está anotada com a letra dele.
Lembro dele pegando a piscina e inflando com o secador. Depois lembro dele tentando colocar a bomba de inflar no pino do fundo da piscina. Pietro e Francisco acordaram em algum momento. E eu decidi ir para o chuveiro do outro banheiro. Entrei no chuveiro e o Francisco quis entrar junto tbm. Deixei.
Engraçado que sempre achei que eu não tive partolândia, mas
agora, enquanto escrevo e percebo os fatos embaçados e difíceis de ordenar,
acho que minha partolândia durou todo o TP!
Ao contrário do que imaginei, eu não me senti irritada com a
presença de ninguém. Adorei ter o Francisco comigo no banho. Lembro de
ter pedido para o Rafa ligar para a
Marilena pq era sim TP, mas que provavelmente iria demorar muito ainda.
Mas pedi que ele anotasse essas informações: “bolsa
íntegra e BB mexendo” e que passasse para ela quantas contrações eu tive
em uma
hora. Haviam sido 13 contrações em uma
hora! Uma a cada 4 minutos mais ou
menos. Quando tive o Francisco, fui para
o hospital com 16 por hora e estava com apenas 1 cm quando cheguei.
Então acho que dessa vez demoraria um pouco
ainda! O Rafa ligou para a Marilena às
7:35 e ela disse que tinha acabado de chegar da casa de Clesia. Fiquei
sem entender. Achei que ela ainda estava em Clesia, que
ainda não tinha nascido o BB dela. Mas
isso não me deixou preocupada, nervosa, nem nada. Entre as contrações
eu não sentia
absolutamente nada (o que reforçava minha teoria de que tudo pararia a
qualquer
momento!). Ticô quis sair do banho. Depois de uma contração eu senti
vontade de
fazer cocô! Oi??? Como assim?
Me certifiquei de que não era puxo kkkk
Saí, me sequei, sentei no vaso e o BB não caiu kkkk. Me limpei e voltei
para o chuveiro. Mais uma contração e mais vontade de fazer
cocô (???) e dessa vez nem deu tempo de me secar antes de sentar! O que
estava acontecendo? Meu corpo se limpando? Voltei para o chuveiro e
não tive mais
vontade de fazer nada! Ufa! Cansei de ficar de pé. Precisava sentar
um pouco e saí.
Nesse meio tempo o Rafa já havia acordado a
Luiza e o Henrique. Fui para a bola no
quarto. Cobri com a minha toalha de
banho e sentei. Rebola, rebola, respira,
relaxa o rosto, relaxa os ombros.
Caraca!!! O Rafa ainda não havia começado a encher a piscina? Eu percebia ele andando de um lado para o outro mas não sabia o que ele estava fazendo. Contrações fortes, bem fortes. Rafa resolveu encher a piscina com a mangueira, com balde de água do chuveiro e panelas de água quente. Em algum momento eu pedi um chocolate, pois meu estômago começou a roncar. Dei duas mordidas e me deu enjoo
.
Comendo chocolate!
Me deu sede tbm e pedi água. Dei
um golinho e guardei o copo embaixo da cama kkkk Em algum momento pedi uma compressa quente e
coloquei nas costas. Pedi massagem para
o Rafa tbm. E pedi para ele contar até 15
comigo hahahah Eu não gritava mas
gemia. Procurava relaxar sempre. E conseguia!
Sempre que eu demorava para relaxar, a contração doía mais. Era um exercício: a contração começava, eu
respirava, me mexia na bola, relaxava o corpo e soltava uns gemidos. Tudo ajudava a superar a dor, pq estava
doendo pra caramba!
Em algum momento veio uma contração e no meio da contração
eu senti um puxo violento e obedeci ao puxo fazendo força (e tem como
não
obedecer?). Ploft! A bolsa estourou e lavou o chão do quarto.
Encharcou toda a toalha, escorreu pela minha
perna e molhou todo o chão! Senti um
alívio tão grande naquele momento! Não sei
descrever, mas parecia que toda pressão que estava sentindo, tinha
acabado! Avisei o Rafa: "Estourou a bolsa! Liga para a Marilena e diz
que estourou e que o líquido está
claro!”. Eram 8:30. Sentei em outra toalha mas avisei que precisava ir
para a
piscina! Acho que mais uma contração e
fui para piscina. Não estava toda cheia,
mas era o que dava tempo de fazer.
Durante uma contração: concentração e relaxamento...
Na piscina as coisas mudaram um pouco. A dor era diferente. As
contrações tbm. Elas eram longas, eu sentia uma força vindo
lá do fundo. Falei para o Rafa que eu
achava que nasceria antes do meio dia.
Eu não fazia a menor ideia de que horas eram. Entre as contrações eu
sorria, falava com o BB,
pedia para ele nascer logo para saber se era menino ou menina! Mas esse
“entre” eram bem curtos. Em algum momento eu comecei a gritar. Gritar
não!
Grunhir, urrar? Não eram gritos,
era um som vindo de dentro, gutural. E
em meio a esse som eu falava “respira, respira, tem que respirar” e
relaxava
(ou tentava). Lembro de uma coisa que
achei muito engraçado, mas não tive oportunidade de rir. O Rafael
estava entrando no quarto e eu dei
um grito (ou grunhida, sei lá!) e ele fechou a porta correndo! Imagino
que fosse para não assustar as
crianças kkkkk
Durante contração: apoio
Não sei quando o Francisco apareceu no quarto. Ficou brincando com a água, falou para o nenê
nascer logo e até enfiou a cabeça na piscina.
Ele não me incomodou e tbm não se incomodou com nada. Parecia que ele já tinha visto uns 200
partos. Eu gritava e ele nem
tchum... O Rafa tbm chamou a Luiza em
algum momento. Ela tirou algumas fotos e
jogou o último balde de água na piscina.
Sentindo o períneo arredondado e feliz em saber que ia nascer logo!
Em meio aos urros eu resolvi tentar fazer um toque, mas a
única coisa que senti foi uma meleca que acho que era o tampão e uma
coisa
dura, que acho que era a cabeça do BB e que parecia estar no mesmo lugar
que eu
tinha sentido da outra vez. Porém quando
eu tirei a mão veio uma contração e com a mão no períneo eu senti ele
arredondar todinho! Era a cabeça! Era mesmo!
Passou a contração e eu falei “vai nascer nas próximas contrações! A
cabecinha está aqui!”. Era difícil de acreditar nisso! Eu não
conseguia acreditar como tudo estava
indo do jeito que eu queria! Eu ia
acabar parindo sozinha mesmo! E sem
forçar nada! Falei para a Luiza olhar a
hora que o BB nascesse! Ela falou a hora
que era: 9:00. Na hora eu fiquei brava,
pois eu não tinha a menor noção do tempo.
Ainda consegui falar “Não a hora agora!
A hora que o BB nascer!!!”. Acho
que tive mais 2 ou 3 contrações. Sempre
com a mão no períneo sentindo ele arredondar e voltar! Em uma dessas
arredondadas o Francisco fala “tá
saindo a cabecinha!”. Senti a cabeça
voltando e lembro de conseguir falar alguma coisa para ele. E então
mais uma contração e o Francisco diz “olha
o cabelinho”. Com a mão no períneo eu
senti tudo abrindo. Me apoiei no Rafa e
senti a cabeça saindo. Soltei do Rafa e,
o que me pareceu ser na mesma contração saiu o corpinho que eu mesma
peguei
dentro da água e trouxe até meu corpo, abraçando. E olhei o que era.
Ainda afastei o cordão para ter certeza do
que via: “Meu Deus! É uma menininha!” E chorei sem lágrimas! E falei
várias coisas como “Eu consegui, foi
do jeito que eu queria, foi do jeito que sonhei, eu pari sozinha como eu
queria, é uma menininha!”. E ficamos
todos bobos, chorando, rindo, olhando admirados para aquela coisinha
rosinha
que só olhava a gente!
Nasceu e eu peguei meu bb.
O Rafa pediu para a Luiza chamar o Henrique e o Pietro que
vieram ver a menininha que tinha acabado de nascer enquanto eles assistiam Bob
Esponja (!!!) no outro quarto! Lembrei
de pedir para o Rafa avisa a Marilena!
Afinal, agora nem precisava de pressa!
Tudo estava perfeito e eu já havia parido como eu queria!
Decidimos o nome: Rebeca! Senti o cordão pulsando. Senti a vida que eu estava dando naquele momento. A placenta saiu e ficamos juntinhas até a Marilena chegar. Rebeca nasceu 9:05. Nas fotos está como 9:03, mas o relógio da câmera está atrasado 2 minutos! Marilena chegou por volta das 11 horas. E só então o cordão foi cortado. Quem cortou foi o Henrique! Rebeca foi pesada e medida.
Foi um 2VBA3C, ou seja, um segundo parto normal depois e de 3 cesáreas. E foi mais: foi um parto natural, sem nenhuma intervenção externa. Somente meu corpo trabalhou para parir. E além disso foi um parto domiciliar. Foi em casa. Rebeca chegou no quarto que dorme, com os cheiros que vai sentir por toda sua vida, com as companhias que vai ter para sempre (com as bactérias da sua família hehehe). E ainda: foi um parto desassistido, o que quer dizer que não havia no momento nenhum profissional acompanhando. Então Rebeca foi recebida exclusivamente por sua família. Foi tocada pela primeira vez pelas mãos que tocarão nela inúmeras vezes na sua vida. As únicas vozes que ouviu quando nasceu são as vozes que ela ouvia dentro do útero e são as vozes que ela ouvirá por todo o sempre. Rebeca nasceu em um parto desassistido que não foi planejado, mas foi desejado com tanta força que todo o universo conspirou para que fosse assim! E foi! Foi perfeito!
Ah! E sabe que teria
dado tempo do Rafa ter ido à igreja com os meninos? A reunião começa às 9:00. Ele poderia ter ido depois que ela nasceu
hahaha
Se vc leu tudo isso, talvez esteja se perguntando se tudo
foi exatamente como eu tinha imaginado que seria. Aquela coisa do pijama, lençol... Então...
eu não pari nem entrei em TP de madrugada. Eu não estava usando meu pijama do Tico e
Teco, mas sim um pijama lilás que eu nem gosto.
E o lençol que estava na cama era um cinza e não o lilás! Só acertei que meu TP seria rápido e que não
daria tempo de ninguém chegar hahaha Eu
conto que meu TP foi de 2 horas e meia mais ou menos, pois a primeira contração
que marquei foi às 6:25 e 2 horas e meia depois eu pari!
A minha maior curiosidade é com quanto de dilatação eu
estava quando entrei em TP. Acho que quando a bolsa estourou eu já estava com dilatação
total. Em meia hora nasceu!
E como todo relato acaba com agradecimentos: agradeço à
Marilena por ter me aceitado, por não ter duvidado de minha capacidade de parir
em casa, por nunca ter me assustado com relatos malucos ou perguntas
estranhas. Por ter demonstrado
tranquilidade em todas as vezes que o Rafa ligou informando do TP (já pensou se
fosse uma médica doida e deixado o Rafael doido? kkkk). E por ter chegado aqui toda calma, tranquila
e cheia de sorrisos, mesmo depois de ter acabado de sair de um parto (Clesia
pariu Theo em Salvador e em seguida eu entrei em TP aqui. Sincronia pura os dois BBS!).
Marilena entregando o pacotinho para o Rafa
Agradeço ao meu parteirinho Francisco que além de ter
anunciado o nascimento da irmã, foi com ele que aprendi a parir! Espero que de alguma forma, as imagens que
ele presenciou no parto da Rebeca fiquem guardadas com ele para sempre!
Agradeço à Luiza que me abriu o caminho da maternidade. Posso não ser a mãe perfeita, mas sou o
melhor que posso e isso eu devo a ela, minha pequena (grande) cobaia! Agradeço pelas fotos e por não ter se
desesperado em nenhum momento!
Agradeço ao Pietro e ao Henrique, pois eles são a continuação do meu sonho. Agradeço pelo respeito ao momento, por terem ficados calmos mesmo sabendo que eu estava tendo um bebê!
E agradeço ao Rafa! Primeiro por ele não ter viajado! E depois por ele ter apoiado sempre minha decisão pelo parto, pelo PD, por ter acreditado que eu poderia parir sozinha, por ter corrido tanto de um lado para o outro durante o TP relâmpago, por ter me sustentado enquanto eu paria e por não ter se assustado com nada disso!!!
Primeiro banho com papai!
E agradeço à Deus por ter me permitido viver essa
experiência maravilhosa. Por ter me
enviado mais um filho para eu cuidar. Por
ter me enviado essa menininha linda. E
por confiar em mim, pois sei que Ele confia!
E por último, agradeço à Rebeca, minha menininha linda que
foi forte e durona, e nasceu depois de um TP relâmpago sorrindo igual a uma
boneca!
Os detalhes:
Rebeca nasceu em um domingo, dia 28 de outubro de 2012 às 9:05. Pesou 3,360 kg. Mediu 49 cm. Não chorou quando nasceu, só resmungou. Aprendeu a respirar enquanto ainda recebia oxigênio pelo cordão. Permaneceu ligada à placenta por 2 horas e 10 minutos. Ah! E ela é simplesmente linda!

O trabalho Relato de 2VBA3C: Parto Domiciliar Desassistido de Larissa Moris Hernandes foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
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Emocionante... eu tive um parto desassistido e nunca gostei de ser chamada de corajosa por isto, então, vou te dizer: Parabéns pela Fé na Vida!
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