Sugestões de Leituras- Parte 2 de 3

Vamos lá, segunda parte das sugestões de leitura.

As Deusas e a Mulher Madura: Arquétipos nas Mulheres com mais de 50- Jean Shinoda Bolen

"O que significa ser uma anciã nessa cultura? Quais são minhas novas responsabilidades? O que deve ser abandonado para dar espaço às transformações de energia que estão prontas a serem vertidas em meu corpo-alma?" (Marion Woodman, p.36)

Novamente uma tipologia das deusas, dessa vez pensando-se na maturidade. Jean escreveu esse livro depois de "O Caminho de Avalon", já na meia-idade. Uma baita reflexão acerca de quem podemos nos tornar. Tem um capítulo final onde ela revisita as deusas de "As Deusas e a Mulher". Além disso, ela inclui muitas outras deusas, de diversas culturas, no arquétipo da Anciã. Imperdível.

Aborto, Perda e Renovação: Um paradoxo na procura da identidade feminina- Eva Pattis

"O aborto pode ser um lugar de transformação, o lugar de uma vida nova. Isso mostra que o aborto não pode ser banalizado, assim como nenhuma outra situação existencial limite da vida." (Léon Bonaventure, p.16)

Uma análise dos aspectos emotivos, das consequências psíquicas e a dimensão simbólica do aborto. O livro fala dos abortos provocados, mas vale a pena refletir um pouco acerca dos abortos espontâneos, já que uma das teses levantadas é de que o aborto é um rito de passagem feminino onde se sacrifica o feto e a maternidade em prol de outras formas de desenvolvimento do feminino. Se você não tem a mente aberta e não consegue olhar o aborto livre de julgamentos, nem leia.

Mulheres que Correm com os Lobos: Mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem- Clarissa Pinkola Estés

"No início das nossas vidas, nosso ponto de vista feminino é muito ingênuo, o que quer dizer que a nossa compreensão emocional do que está oculto é muito tênue. No entanto, é assim que todas nós começamos. Somos ingênuas e nos convencemos a entrar em situações muito confusas. Não ser iniciada nos detalhes dessas questões significa estar num estágio da nossa vida em que somos propensas a perceber apenas o que está às claras." (p.68)

Nunca deixaria esse livro de fora! Essencial para entendermos nossa relação com nosso feminino selvagem, que nada mais é do que essa voz sussurrante que nos indica os caminhos e os perigos. Pena que nem sempre conseguimos escutá-la devido a anos de domesticação do masculino. Mas, vamos lá, com as histórias desse livro e as análises simbólicas e minuciosas de Clarissa, conseguimos ao menos ficar um pouco mais atentas.

O Anel do Poder: A criança abandonada, o pai autoritário e o feminino subjugado- Jean Shinoda Bolen

"Qualquer coisa rejeitada pelos outros, em especial quando somos crianças, tem probabilidade de vir a ser inaceitável e vergonhosa também por nós." (p.34)

A autora faz uma análise dos arquétipos da criança, do pai e do feminino através da ópera de Wagner, "O Anel dos Nibelungos". Muito interessante, traz à luz muitos acontecimentos e estereótipos que passam despercebidos no nosso cotidiano. A mitologia utilizada nesse livro é a nórdica, com Wotan, Brunnhilde, Loki e tantos outros presentes. Vale a pena também, ainda mais por se utilizar uma genealogia de deuses inusual. Eu sou suspeita: falou em mitologia de qualquer espécie, tô dentro.

O Caminho de Avalon: Os mistérios femininos e a busca do Santo Graal- Jean Shinoda Bolen

"As mulheres têm em seu corpo um ventre oculto e misterioso, um órgão de criatividade, nutrição e fertilidade,  e um símbolo do princípio feminino criativo, fértil e nutritivo que são seus seios. As imagens desse símbolos considerados sagrados no passado foram destruídas como ídolos ou queimadas. Elas estão sendo descobertas em sítios arqueológicos e estão emergindo na psique das mulheres, extraídas do inconsciente através da imaginação ativa ou de imagens oníricas." (p.69)

Nesse livro tem muita coisa relativa a gestação, parto e amamentação como rituais importantes do psiquismo feminino. Fala-se muito também do retorno da consciência da deusa e das transformações pessoais pelas quais Jean passa quando faz a viagem descrita no livro pelos lugares sagrados da Inglaterra. Eu, que sou apaixonada pelos mitos arturianos, deleito-me cada vez que leio. A frase aí de cima diz respeito a um texto que escrevi aqui. Também escrevi esse outro texto sobre parto e ritual baseado no livro em questão.

Quinta-feira, a última parte, com mais Clarissa Pinkola Estés e Jean Shinoda Bolen.

 
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