No
dia 9 de maio de 2002 tive minha primeira filha a Amanda numa cesárea
eletiva provavelmente desnecessária. Quando engravidei eu desejava ter
um parto normal. Fui para um obstetra indicado por uma colega de
trabalho do Wander, meu marido. No dia que ele marcou a cesárea, chorei
muito. Detestei as consultas de pré-natal, cada vez que saia de lá, eu
chorava, brigava, mas não ousei mudar. Depois do parto, fui na consulta
dos 40 dias e nunca mais voltei.
Comecei a ir numa médica perto de casa, mais calma, me entendia melhor e me explicava melhor o que eu precisava saber.
Antes
de engravidar do segundo filho, conversei com ela sobre a possibilidade
de um parto normal após uma cesárea, ela me disse que era possível. E
que ela faria.
No dia 16/07/2003 descobri que
estava novamente grávida. Comecei meu pré-natal com essa médica. No fim
de fevereiro começou a me dar uma certa inquietação. Comecei a ler muito
na internet sobre partos, até que me deparei conversando pelo ICQ com a
Ingrid (doula do RJ que participa de uma outra lista). Eu estava em
dúvida quanto ao tipo de parto que queria e muito ansiosa e com muita
angustia... Ela me indicou conversar com a Ana Cris (doula em SP).
Mandei um e-mail para ela e conversamos diversas vezes através de
e-mails. No dia 03/03/2004 ela me indicou um médico. Eu liguei no mesmo
dia e conversei com ele, no final do dia fui para uma consulta. Eu
grávida de 37 semanas pela DUM, saí de casa com a Amanda de 1 e meio
debaixo de uma tempestade para a consulta. Fui sem saber que ele faz
parto humanizado. Ele me mostrou 3 partos humanizados e disse para eu ir
com o Wander na próxima semana.
No dia
09/03/2004 eu e o Wander fomos para a consulta. O Wander gostou do que
viu e ficamos de decidir se faríamos o parto com ele. No dia 10/03/2004
tive uma crise nervosa, desandei a chorar. Fiz o Wander voltar para casa
antes de chagar no trabalho. De tarde fomos fazer uma USG e a
cardiotografia que a médica havia passado.
Conversamos
muito nesse dia e resolvemos mudar de médico. No momento não era só no
parto que eu estava pensando, na mudança de médico em cima da hora, no
lado financeiro, era muito sentimento misturado... Conversei muito com
algumas pessoas por e-mail que me deram a força para mudar de médico.
Procurei uma doula e psicoterapeuta que me deu também o suporte para o
meu lado emocional. Continuei indo para as consultas semanais e nada do
Thiago dar sinal de querer nascer. Eu já estava cansada, angustiada,
louca para ter meu bebê no colo. Esperava que ele nascesse com as 38
semanas que nem a irmã, pois apesar de ter sido cesárea minha bolsa
rompeu na madrugada do dia da cesárea.
No dia
29/03/2004 combinamos que se não entrasse em trabalho de parto faríamos a
indução por meio do descolamento de membranas na consulta seguinte e
as consultas seriam mais freqüentes. No dia 31/03/2004 acordei sentindo
um pouco mais de contrações, mas nada regulares. De tarde fui para a
consulta. Conversamos, medimos a pressão, pesamos e fizemos o
descolamento, haviam me avisado que era dolorido e eu sinceramente não
senti muita dor. Antes do descolamento eu estava com três cm e depois
com quatro cm de dilatação. Aguardamos por uma hora no consultório e eu
tive umas três contrações nesse intervalo. Fomos para casa e no caminho
mais contrações.
Cheguei em casa e brinquei
com a Amanda. Dei uma geral na minha aparência e comecei a marcar o
rítmo das contrações, na primeira hora estavam de 10 em 10 min e na
segunda hora de 5 em 5 min. Fui tomar um banho e o Wander ligou para o
médico. Ele falou para irmos para maternidade. Cheguei lá às 20 hs e 20
min, a obstetriz ouviu os batimentos do Thiago e fez um exame de toque
eu estava com 6 / 7 cm de dilatação. Encaminhou-me para a sala de parto e
disse que não teria que fazer nenhum procedimento como raspagem dos
pelos e lavagem do intestino. Eu já sabia disso e nesse meio tempo perdi
o tampão mucoso. Fiquei sozinha um bom tempo e de vez em quando entrava
uma enfermeira e perguntava se eu não ia colocar a touca... Durante as
contrações o que aliviava a dor era andar e ficar na posição de cócoras.
Perto
das 21 hs chegou o Wander e em seguida o médico. Novo exame de toque e 8
cm de dilatação. Em seguida a bolsa rompeu e o Thiago desceu. Antes ele
estava muito alto.
Anestesia! A pior parte!
Eu estava com muitas contrações e não conseguia ficar na posição
adequada, tentaram por 3 vezes aplicar a peridural e não conseguiram. O
anestesista acabou aplicando uma raqui bem leve, pois eu mexia meus pés e
senti o bebê sair... Nesse meio tempo da anestesia, teve um novo exame
de toque e eu estava com 9 cm de dilatação.
Fiz
força umas 3 vezes e às 21hs e 53 min nasceu o Thiago, que veio logo
para os meus braços. Fiquei com ele por duas horas sozinhos...
Numa relação de muito amor. Tive uma laceração muito pequena na qual
tomei dois pontinhos e sinceramente não afetou em nada. A única coisa
que eu mudaria seria a anestesia. Provavelmente se eu tivesse uma
doula, ou estivesse melhor preparada não haveria necessidade. Afinal as
dores que eu senti não foram em nenhum momento insuportáveis.
Essa
foi uma experiência única, não me arrependo de nada que tenha feito,
esse parto me mostrou o quanto eu sou mulher e sou forte, pois apesar de
todos os problemas que estava passando de ter o Thiago sozinha não no
sentido real da palavra, mas me sentindo sozinha, fui em busca de um
desejo escondido.
Aproveito para agradecer a
Ingrid, Ana Cris e as outras da lista Parto Nosso que me auxiliaram
nessa empreitada de ter um parto lindo. A Kátia que me deu e está dando
até hoje um suporte para meu lado emocional. Ao meu marido que apesar de
todos os problemas que estávamos passando me apoiou quanto à decisão de
mudar de médico e me acompanhou na realização de um sonho.
Patrícia Pillar Viana
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