Depois de 4 anos de uma cesárea que na época foi a melhor opção, tive uma experiência inesquecível com um VBAC.
Sou uma pessoa mega estressada, muito racional, e que tenho que ter o
controle de tudo o tempo todo. Na minha outra gravidez entrei em TP com
37s, e eu jurava que dessa vez aconteceria a mesma coisa, mas…cheguei
as 40s sem nem sinal de TP, e eu mega cansada, e com a sensação de que
dessa vez eu não tinha o controle da situação, era esperar o tempo de
Henrique…
Com 40s1d, eu conversei com meu marido que o meu limite de cansaço estava chegando, e minhas dores da pelve, que me acompanharam desde as 20s, estavam demais, nessa noite conversei muito com Henrique, o chamei pro mundo, disse que só faltava ele pra tudo ficar completo, e tive muita cólica nessa noite. Às 4hs fui ao banheiro e lá estava o esperado tampão mucoso. E as cólicas virando contrações, a cada dor eu vibrava e agradecia ao meu filho por ter escutado meu apelo…
Ainda estavam muito descompassadas, mas estavam lá! Então cheguei a
conclusão de eu estava sim em TP, e o meu sorriso de satisfação em saber
que meu corpo se preparava pra colocar minha cria pra fora era maior
que tudo.
Esperei às 8h e liguei pra Tanila ( enfermeira obstetra que me acompanhou), ela disse que pelo que eu estava sentindo, hoje era o dia de receber Henrique, e ligou pra Karine (Amada e paciente doula), que logo veio pra minha casa ficar comigo. Despachei a minha mãe, junto com minha linda filhotinha de 4 anos pra casa da outra vó e mandei o marido ir trabalhar. Eu queria muita tranqüilidade nesse momento e sei que com eles por perto eu ficaria tensa.
Logo Karine sugeriu uma caminhada, e fomos até a praia, o dia estava nublado, eu sentindo contrações e ela anotando os intervalos, estavam ainda irregulares.
Cheguei em casa e liguei pra minha manicure que veio fazer minha unha, arregalando o maior zoião a cada contração que eu tinha rsrs. Almocei em 3 etapas, parando somente durante as contrações.
Tanila chegou e fez um escalda pés com gengibre e canela, fizemos bastante exercício na bola suíça e fomos ao supermercado comprar algo pra gente tomar café da tarde, e um maravilhoso bolo que vende lá..(eu já estava com 4cm de dilatação). No meio do caminho vimos que uma tempestade estava vindo, mas resolvemos ir assim mesmo. Chegando lá um mundo de chuva desabou e meu marido foi nos buscar.
Chegando em casa tomei um mega banho e eu já com 5cm de dilatação,
entrando no carro veio uma MEGA contração, aí eu vi que a coisa estava
começando a ficar legal, e daqui pra frente não garanto a veracidade dos
fatos, pois pelo que contam eu me encontrava na partolândia. Lembro-me
de estar tudo alagado e eu agachada no banco do carro durante as
contrações, e nos intervalos brincando rindo e cantarolando o que estava
passando no rádio.
No vão central da 3ª ponte (que liga Vila Velha a Vitória) minha bolsa se rompe, linda e cristalina, eu sonhei a gravidez inteira com a sensação de ter a bolsa rompendo…E nada de conseguir contato com o meu médico para avisar que estávamos indo, eu falei com ele no meio da manhã que estava em TP e ficamos combinados de que na hora que eu fosse pro hospital ligaria avisando, e nada dele atender o celular.
Chegando ao hospital, Tanila me dá um novo toque e esta com 9cm de
dilatação. Quando conseguimos contato com meu médico, o Hospital inteiro
estava sabendo da mulher parindo e da falta de médico. Meu marido já
tinha arrumado um outro médico que estava vindo “fazer meu parto”, nessa
hora Dr Alarcon entra no hospital falando que estava preso no
alagamento. Dá-me um toque e diz “é criança, você está com 10cm de
dilatação” . Nesse momento a dor estava alucinante…Eu não conseguia mais
enxergar o ambiente e as pessoas a minha volta, eu que sou atéia pedi
“pelo amor de deus alguém me ajuda!”.
Já no centro cirúrgico uma enfermeira se aventura a me chamar de mãezinha e dizer que eu não podia gritar, e a sonora resposta “eu vou gritar simmmmmmmmm!”.
Isso já era 18h e eu mega cansada, perdendo as forças, foi quando Tanila me manda colocar a mão dentro da vulva e lá estavam os cabelinhos dele, nessa hora todas as forças de mil índias parideiras vieram todas ao meu encontro, ela olha no meu olho e diz “Rita só depende de você” . Mais duas forças e ele saiu de uma vez, lindo, cabeludo, sem choro alucinante.
Nem chance eu dei para o pediatra, tomei meu menino da mão do Dr Alarcon, todo sujinho, lindo e com uma verruguinha na orelha…e gritava “ele é meu, ele é meu, só vão tirar do meu colo quando eu deixar, ele é só meu, ninguém pega sem eu deixar”. Eu parecia um animal com medo de levarem a cria. O pediatra com uma cara assustada me convenceu a deixar enrolar Henrique, esperamos o cordão parar de pulsar. Aí deixei levá-lo para os primeiros cuidados.
A placenta saiu e eu nem percebi, ganhei 3 pontinhos na laceração, e 2 horas depois estava de pé tomando banho. E fui cuidar e amamentar meu filho.
O saldo final de tudo foi mais positivo que mil divãs, e eu me achando a mulher maravilha, nada nesse momento seria impossível pra mim. Um VBAC que me colocou em contato com uma Rita descontrolada, despudorada, sem apegos, animalesca.
Agradecimentos:
Ao meu marido por ter me dito quais eram os seus limites, e não ter entrado no centro cirúrgico só para me agradar.
A Valentina, por me fazer entender que eu nasci pra ser mãe.
A Tanila pela força, sobriedade e pelo lindo sorriso na hora do nascimento do meu filho.
A Karine pela paciência, tranqüilidade, e por cantar comigo rsrs.
E ao Dr Alarcon, por me fazer ver que sem ele eu teria conseguido da mesma forma.
E um mega obrigada ao Henrique, por ter vindo sem ninguém chamar e ainda assim se fazer tão esperado e desejado. “PRA VOCÊ GUARDEI O AMOR QUE NUNCA SOUBE DAR”
Rita Barros Cavalcante
Tenho 33 anos, casada há 9 anos, com um príncipe que se chama Serginho.
Mãe de Valentina que hoje tem 4 anos, e do pequeno Henrique, professora de matemática, atuo na secretaria de educação do estado de ES.
Sou extremamente apaixonada pela vida, muito bem humorada. E apesar da pose de durona, sou toda derretida por minha família!
(Relato originalmente publicado em Zalika Maternidade, Parto & Infância)

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Que emoção....estou mergulhada em lágrimas.
ResponderExcluirCada relato q leio me leva de volta aos nascimentos de meus e me fazem o quão poderosa nós mulheres somos.
Agradecida por compartilharem suas histórias.
Todo amor.
Nunca mais vou passar pela 3ponte sem lembrar do que relato Rita....emocionante
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