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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Relato de VBAC: Nascimento de Arthur


Acho que como todo VBAC o meu começou com um parto roubado, na verdade não entendi até hoje o que aconteceu, algum erro de cálculo eu presumo, pq a DPP do Davih era pro dia 02/08 e ele nasceu dia 19/08, era meu primeiro filho e a gente fica naquela de "e se eu esperar e acontecer algo com o meu bebê?" apesar de tudo estar correndo bem (fazíamos exames dia sim dia não) o dr. colocou aquela pressão e marcou a bendita pro dia 19.

Quando fiquei grávida do Arthur já tinha lido muita coisa sobre parto normal, aliás eu SEMPRE quis parir, essa história de marcar cesárea sempre foi o fim pra mim, desde que eu era adolescente.

Enfim, quando descobri a gravidez fui me consultar e já na primeira consulta falei do meu desejo de VBAC, o dr ficou meio "pé-atras" disse que teria que ver a evolução da gravidez, que não dava pra ver na primeira consulta mas se tudo corresse bem daria sim pra tentar.

Isso ficou atravessado na minha garganta a gravidez toda, meu maior medo era nadar, nadar e morrer na praia, tentei encontrar um médico humanizado por aqui mas moro no interior, a doula mais próxima ficava a quase 300km de distância, então continuei com o dr do convênio mesmo e fui levando ele em "banho maria", durante a gravidez pensei até mesmo em parir sozinha em casa, mas tive medo de laceração, de ter algum problema sério relacionado à cesárea anterior e não dar tempo e morrer ou perder o bebê (exagerada né).

Chegou o grande dia, mas antes disso, tenho que falar que o dr me deu data de validade, ele disse, olha vamos esperar até dia 20 de maio, se não nascer até lá a gente vai ter que fazer cesárea mesmo, só que dia 20/05 caiu num domingo e eu pensei, então vou amanhã lá e seja o que Deus quiser, passei o domingo todo uma mala, chata, estressada, desanimada, sem nem um sinalzinho sequer de que Arthur ia dar as caras, no fim do dia desencanei, fui pro banho, coloquei umas velas no banheiro, sentei num banquinho e fiquei lá no escurinho conversando com ele, disse que tava tudo pronto pra ele nascer e que eu iria recebê-lo com o maior amor do mundo, falei que o mundo aqui fora era muito bonito, que ele ia ser muito protegido, ihhh falei um monte de coisa, devo ter ficado uns 45 minutos debaixo do chuveiro.

Saí com a alma mais leve e fui dormir, acordei umas 2:30 sentindo uma cólicazinha como se fosse menstruação, pensei ahh devem ser pródromos né, e fui deitar de novo, a dor vinha eu despertava, passava eu cochilava de novo, então quando foi mais ou menos umas 4:30 da manhã eu resolvi contar as contrações, mas ainda estavam irregulares, 9 em 9 minutos, depois 7, depois 4, fui pra cozinha e fiz um caneco cheio de chá de hortelã, bem doce, fiquei com medo de chegar no hospital e eles não me deixarem comer mais nada (o que aconteceu mesmo).

Às 5:00 /5:15 eu chamei o maridão pra me ajudar a contar as dores e dar um apoiozinho emocional né, aguentar sozinha é barra, ele veio pra sala e a gente começou a contar, aí elas ficaram de 5/5 minutos, eu não tava acreditando, será que iria conseguir mesmo meu tão esperado PN?

Seis horas minha mãe levantou e ficou infernizando pra gente ir pro hospital, chamamos um taxi e fomos, cheguei lá tinha mais duas mulheres que iam ter bebê e chegaram na minha frente, meu maior medo nessa hora era estar com apenas uns 2 dedos de dilatação e não evoluir e cair na faca.

O dr veio e me examinou eram umas 7:30 e eu estava com 5 dedos de dilatação, sem estourar bolsa e nem perder tampão, fui pro quarto e o marido ficou preenchendo a papelada, a enfermeira me mandou ir tomar banho e queria fazer tricotomia, mas eu não aceitei, não conseguia ficar deitada de costas, a única posição confortável na hora da contração era meio acocorada, eu agarrava no pescoço do marido e ele fazia umas massagens na lombar que aliviavam mtooo.

O dr veio mais umas duas vezes fazer toque, da primeira vez eu tava com 8 cm e da segunda vez ele me levou pra sala de parto, tive o Arthur naquela caminha de parto normal mesmo, deitada, tive episio (a pior parte), mas fiz 3 ou 4 forças e ele nasceu, chorando, chorinho lindo!

Lembro que olhei nele e pensei nossa é a cara do pai, hehehehe! Ainda falei olha dr como ele é branquinho, acho q pq o Davih nasceu meio roxinho. 

Foi um momento único, em nada parecido com aquela sala gelada em que eu não sentia as pernas, ficava ouvindo aquele "pipipi" dos aparelhos com os braços amarrados, dessa vez eu ajudei meu filho a vir ao mundo, eu fui ativa no meu parto.

E o dr. que eu pensei que ia atrapalhar, que me fizeram tanto terrorismo durante a gravidez foi um fofo na hora do parto, me ajudou, me deu força, um apoio tremendo já que meu marido não pode entrar.

Resumindo, é uma experiência pela qual toda mulher deveria passar, muda sua vida, te faz ver as coisas de outro modo.

Narayana Donadio
Tenho 27 anos, sou bioquímica e mais importante de tudo, sou mãe de duas criaturinhas que enchem minha vida de felicidade.
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